Comandantes controlam com cadernos a atividade de policiais no ES
Nova convocação reuniu cerca de 60 policiais militares na praça Oito, em Vitória
© Tânia Rêgo/Agência Brasil
Brasil Crise
Uma nova convocação de apresentação reuniu cerca de 60 policiais militares na praça Oito, no centro de Vitória, por volta das 8h deste domingo (12).
Com um caderno, os comandantes de cada grupo de policiais anotaram quem atendeu ao chamado.
No sábado (11), o comandante-geral da PM no Espírito Santo, Nylton Rodrigues, convocou os policiais a se apresentarem em praças e locais públicos da cidade, de onde partiriam para patrulhar a pé.
Na praça Oito, se concentram as divisões especializadas como cavalaria, trânsito e ambiental, por exemplo.
Cerca de metade dos policiais na praça se apresentou fardado. Em seguida, se dividiram para patrulhar a região central.
"A ideia é, a partir da convocação, identificar quais são os problemas. Se não vieram por falta de transporte, por que vieram sem farda, e tentar corrigir", afirmou o tenente coronel Ramalho, comandante do policiamento metropolitano."É separar o joio do trigo, pra ser mais claro", completou.O motim de policiais, no entanto, ainda é majoritário. O movimento concentra policiais de patentes mais baixas.Por isso, nas convocações de sábado e domingo, muitos dos que se apresentaram eram policiais de patentes mais altas ou do setor administrativo, que não faz patrulhamento nas ruas normalmente.
A reportagem também encontrou policiais que estavam de férias. O comando da PM suspendeu as férias dos militares.
ESTRATÉGIA
A estratégia da convocação em locais públicos é evitar que os policiais tenham que se apresentar nas unidades de polícia, como é a praxe.
Os portões das unidades estão bloqueados por acampamentos de familiares de policiais. As mulheres buscam impedir que os PMs saiam das unidades para trabalhar nas ruas.
No sábado, 70 policiais chegaram a ser transportados de helicóptero para fora do quartel do Comando-Geral.
A Secretaria de Segurança Pública informou que 600 policiais se apresentaram em Vitória, Vila Velha, Cariacica, Serra e Cachoeiro no sábado. O efetivo da PM no Espírito Santo é de 10 mil policiais, sendo que 2.000 patrulham o Estado a cada dia.
PRESSÃO
Nos últimos dias, aumentou a pressão sobre os policiais amotinados. Um total de 703 já foi indiciado pelo crime militar de revolta, que prevê de 8 a 20 anos de prisão.Em visita a Vitória, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, divulgou nota informando que o órgão estuda federalizar o crime de motim, o que tornaria a punição mais célere.
O secretário de Governo Antônio Imbassahy anunciou que a base do governo no Congresso não deverá apoiar a anistia para policias do Estado que estão em greve.O ministro da Defesa Raul Jungmann fez um apelo na manhã de sábado, no 38º Batalhão de Infantaria, em Vila Velha, para que os policiais militares voltem ao trabalho e "honrem suas fardas e seus juramentos". Com informações da Folhapress.
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