Pai escreve carta aberta à mãe que assassinou filho gay
Em janeiro, Itaberly Lozano Rosa foi assassinado pela mãe por ser homossexual
© Reprodução / Facebook
Brasil Indignação
O professor-doutor Toni Reis, especialista em sexualidade, mestre em Filosofia e doutor em Educação, escreveu uma carta aberta à mãe que esfaqueou e carbonizou o próprio filho por homofobia. O caso de Itaberly Lozano Rosa, morto em janeiro deste ano pela mãe, Tatiana Ferreira Lozano Pereira, chocou o país.
Toni é homossexual, pai de três filhos, e publicou um texto no qual relembra o apoio que recebeu da família ao assumir sua orientação sexual.
A íntegra da carta foi publicada pelo Pragmatismo Político nesta semana.
Toni inicia o texto afirmando que "família é para amar, proteger, cuidar, educar, dar limites. Aprendi com a minha querida e amada mãe desde a tenra idade que o amor de mãe é o mais puro, profundo e incondicional".
"Quando aos 14 anos pedi ajuda a ela sobre minha homossexualidade, falei por ignorância “sou pecador, sou doente, sou fora da norma”, felizmente ela não me matou e nem me queimou. Ela não me julgou. Ela falou “se você acha que é isso, vamos procurar ajuda”".
O professor também conta no depoimento que, aos 27 anos, a mãe se dispôs a casar com o marido de Toni, pois ele é estrangeiro e precisava casar com uma brasileira para conseguir permanecer no país. "Na época, para ficar no Brasil, ele teria que casar com uma brasileira, porque ainda não se reconhecia a união estável homoafetiva para fins de concessão de visto permanente", explica.
Toni também destaca que o caso de Itaberly o chocou muito mais pois o crime foi cometido pela própria mãe.
"Seu filho adolescente Itaberly foi barbaramente esfaqueado e morto no dia 29 de dezembro de 2016, e achado com o corpo carbonizado no dia 7 de janeiro de 2017. Foi um crime bárbaro, desumano, pavoroso, monstruoso e horrendo. (...) Foi um crime chocante e cruel. Todo assassinato é inaceitável, mas quando a mãe é a assassina, torna-se inconcebível. Espero que você reflita sobre o que praticou, arrependa-se e que os “religiosos” repensem sobre a doutrinação que estão fazendo em relação à comunidade LGBTI. Esses “religiosos” não mataram seu filho, mas afiaram a faca do seu raciocínio manipulável e fraco ao ponto de levar à morte dele.Não me interessa nenhuma religião cujos princípios não melhorem a vida humana e a convivência das pessoas. Que você pague pela lei divina e pela legislação brasileira pelo crime que cometeu".
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