Seis em cada 10 cariocas discordam que 'bandido bom é bandido morto'
A pesquisa identificou que, entre os que concordam que "bandido bom é bandido morto", 38% acreditam que apenas a Justiça pode determinar a morte de um criminoso
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Brasil Pesquisa
A expressão "bandido bom é bandido morto" -popularizada na década de 80 por José Guilherme Godinho, o Sivuca, quando delegado de polícia do Rio- não é aprovada pela maior parte da população da cidade, segundo pesquisa "Olho por Olho? O que pensam os cariocas sobre 'bandido bom é bandido morto'", divulgada nesta quarta (5), pelo Centro de Estudos de Segurança Pública da Universidade Cândido Mendes. As informações são da Agência Brasil.
Seis em cada dez moradores da capital discordam do chavão e 31% afirmam concordar integralmente com ele. Uma parcela de 3% se declarou neutra ou não respondeu sobre o tema, e 6% concordam parcialmente com a frase.
A pesquisa identificou que, entre os que concordam que "bandido bom é bandido morto", 38% acreditam que apenas a Justiça pode determinar a morte de um criminoso, rejeitando o apoio a execuções. Já 31% dos que pensam que assim afirmam que só a polícia deveria matar os criminosos.
Para o pesquisador Ignacio Cano, apesar de alta, a adesão ao chavão tem um traço positivo. "Há uma defesa da legalidade, mesmo entre os que apoiam a ideia de bandido bom é bandido morto", disse. Ele também destacou que o resultado desmistifica a ideia de que o Rio de Janeiro, por seus índices de violência, teria maior adesão à frase.
Uma pesquisa do Fórum Nacional de Segurança Pública, que avaliou a aprovação ao chavão em 2016, chegou a um percentual médio de 57% em cidades brasileiras com 100 mil habitantes.
RELIGIÃO E GÊNERO
A adesão à frase varia de acordo com o gênero e a prática religiosa dos entrevistados. Segundo a pesquisa, religiosos praticantes, especialmente evangélicos, são os que mais discordam que bandido bom é bandido morto (73,4%). A pesquisadora Julita Lemgruber acredita que o dado é o mais surpreendente da pesquisa, porque descola os religiosos de posições mais conservadoras defendidas por bancadas religiosas no Congresso.
"A grande maioria da população do Rio que se identifica como evangélico praticante, não apoia as violações de direitos que muitas vezes a bancada evangélica no congresso apoia", afirmou Julita.
Os religiosos que frequentam cultos regularmente também são os que mais acreditam na ressocialização. Enquanto a proporção de cariocas que acreditam na ressocialização é de 73%, entre os religiosos praticantes é de 86%.
Entre as mulheres, o apoio à frase "bandido bom é bandido morto" é de 35%, enquanto 42% dos homens a defendem.
A pesquisa ouviu 2.353 pessoas, com ao menos 16 anos, em pontos de fluxo do município do Rio de Janeiro. O questionário, com mais de 40 perguntas, foi aplicado entre março e abril de 2016.
Questionados sobre "quem é bandido", os entrevistados, em sua maioria, afirmaram que são os autores de crimes. Os principais motivos que levam as pessoas a se tornarem bandidos, na opinião dos entrevistados, são a índole (24%), a escolha pessoal (24%), a falta de oportunidade (19%), as más companhias (14%) e problemas familiares (10%).
Os entrevistadores também perguntaram quem foi vítima de crimes nos últimos 12 meses, e 12% responderam que haviam sofrido assalto. Entre os moradores de favelas, 34% afirmaram ter tido alguém assassinado em seu círculo próximo nos últimos cinco anos. O percentual cai para 26% entre os que não moram em favela.
Segundo os pesquisadores, ter sido vítima de crime não influencia nas respostas sobre o chavão "bandido bom é bandido morto" quando é feito um cruzamento de dados.
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Apesar de apenas 9% dos cariocas acharem que a chance de um criminoso ser punido pela justiça seja alta ou muito alta, 79% acreditam que o endurecimento penal reduziria a criminalidade.
Os entrevistados se declaram majoritariamente a favor de que adolescentes sejam responsabilizados por crimes violentos como adultos. Chega a 86% a parcela que concorda, e 76% concordam totalmente. Para 44,6% dos entrevistados, a pena de morte deveria ser introduzida na legislação brasileira.
A ideia de fazer justiça com as próprias mãos é rejeitada por três em cada quatro entrevistados, enquanto 22% concordam com a prática de linchamentos. Com informações da Folhapress.