Comandante da PM diz que cracolândia 'não se resolve só com polícia'
Coronel defendeu megaoperação policial no último domingo, mas reforçou a necessidade da atuação de órgãos sociais para eliminar o problema
© Reuters / Paulo Whitaker
Brasil SP
O comandante da Polícia Militar de São Paulo, o coronel Nivaldo Cesar Restivo, comentou sobre a megaoperação na Cracolândia, realizada no último domingo (21) e disse que o problema "não se resolve só com polícia".
"Foi uma operação policial planejada, baseada naquilo que a imprensa mesmo mostrou: comércio de drogas de maneira livre. Algo precisava ser feito. A atuação [policial] não foi voltada ao usuário. Óbvio que Estado e prefeitura já tinham um planejamento para o acolhimento daquele pessoal, porque o problema não se resolve só com polícia", afirmou.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Restivo negou que a polícia foi de certa forma conivente com o aumento do tráfico de drogas a céu aberto, sob o comando de crime organizado. Ao ser questionado sobre a demora da atuação policial, o comandante afirmou que não seria "uma intervenção fácil".
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"Entrar lá naquele ambiente é algo que oferece risco ao próprio policial. A identificação [dos traficantes] não é algo fácil de ser feito, porque você não tem dado nenhum. Você tem uma foto, uma imagem do infrator. Você precisa identificá-lo, classificá-lo, para que o delegado faça a representação para a decretação. Foi o tempo necessário para que essas etapas fossem cumpridas", disse.
Para o coronel, a operação policial não eliminou a cracolândia, pois a atuação de órgãos sociais é necessária para a solução do problema.
"Todos sabemos que a cracolândia não vai acabar depois da operação policial. É um trabalho de manutenção da política pública, de acolhimento, de apoio social, de saúde. Hoje temos um cenário muito mais favorável do que tínhamos até sábado [20, véspera da operação]. Agora a pergunta: acabou a cracolândia? Aquele local onde tinha a venda, a comercialização da droga, não existe. Agora, vai dizer: 'Mas ainda tem comercialização de droga'. Ainda tem polícia atuando para que essa comercialização acabe", afirmou.
No entanto, a intervenção policial direta foi defendida pois, segundo o coronel, era necessária para oferecer um ambiente estável para futuras ações sociais.
"Não dá para órgão de saúde, assistência, fazer intervenção diretamente lá, porque o ambiente não era favorável. Daí a necessidade de se fazer, em um primeiro momento, a intervenção policial para prender os infratores, tentar apreender as armas e oferecer um ambiente estável", disse.