Após título, Unesco exige reformas no Cais do Valongo
No dia em que foi eleito Patrimônio Mundial Cultural, o local cheirava a urina e estava repleto de lixo
© Bruno Bartholini/Agência Pública
Brasil Rio de Janeiro
No mesmo dia em que foi eleito Patrimônio Mundial Cultural pela Unesco, o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, cheirava a urina e estava tomado por lixo. A situação não passou despercebida pelos representantes da organização mundial. Além disso, o título exige uma série de pequenas melhorias, assumidas pela prefeitura da capital fluminense.
Conforme o Extra, está previsto um trabalho de consolidação das rochas do sítio arqueológico para que elas não fiquem soltas. A grama também precisará ser substituída por água do mar. De acordo com projeto já autorizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), as bombas que canalizam a água da encosta serão retiradas.
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As mudanças darão aos visitantes a real dimensão do que era o Valongo. "Se era um porto, o mar ia até as imediações das rochas. Queremos fazer também um guarda-corpo de vidro porque o de cabos de aço é muito vulnerável. As pessoas ainda não têm um entendimento de que, se entrarem no lugar preservado o colocam em risco", declara Mônica da Costa, superintendente do Iphan/RJ.
Outro ponto previsto é a vigilância para dar mais segurança aos visitantes, já que o Cais do Valongo é ponto de usuários de crack. A construção do Memorial do Valongo também foi um compromisso assumido com a Unesco.
Descoberto durante obras de revitalização na Zona Portuária do Rio, o cais tem cerca de 350 metros de comprimento e vai da Rua Coelho e Castro até a Sacadura, era onde os escravos trazidos da África desembarcavam, entre os anos de 1811 e 1831. Estima-se que um milhão deles tenham chegado ao Brasil por ali, o que rendeu à área o apelido de "pequena África".