Trans é demitida após denunciar assédio, agressão e transfobia
Nicolle alega ter sido agredida por colega de trabalho, que não teria sido punido
© Arquivo Pessoal
Brasil Distrito Federal
Menos de 15 dias após denunciar ter sido discriminada, agredida fisicamente e assediada, uma transexual alega ter sido demitida. Johnnatan Abreu de Queiros Silva, que tem 23 anos e está em processo de transição para se transformar em Nicolle, trabalhava como vendedora em um shopping no Lago Sul, no Distrito Federal. A agressão teria sido cometida por um funcionário, que teria começado a discriminá-la em meados do ano passado.
“Na semana em que cheguei na empresa uma funcionária me alertou que tinha um rapaz muito preconceituoso e machista. Desde os primeiros momentos, eu ouvi piadinhas e ele rindo da minha cara. Eu deixava passar porque eu precisava do emprego para pagar o aluguel e a faculdade”, relatou ao G1. “Uma vez, o rapaz que me agrediu disse que eu não era homem porque meu pai não me bateu o suficiente".
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Nicolle denunciou que chegou a ser agredida com chutes pelo colega."Fui para o banheiro chorar e ver se ele tinha me machucado muito. Ficou muito vermelho no lugar.” A reação da jovem foi procurar a gerência da loja, mas, segundo ela, nada foi feito. A jovem levou, então, a reclamação, via e-mail, para a central da empresa. Procurada pelo G1, a Bio Mundo ainda não se pronunciou sobre o caso. “A agressão foi o resultado de tudo que passei antes. Os comentários e piadas preconceituosas. Sempre busquei a ajuda da empresa e não encontrei”, alertou Nicolle.
Orientada pelo setor de psicologia da faculdade em que estuda a procurar o Conselho de Direitos Humanos do Distrito Federal para uma queixa formal, Nicolle teve uma reunião conciliatória com o dono da empresa. O proprietário não compareceu à reunião, marcada para esta sexta-feira (11). Presidente do Conselho, Michel Platini contou que a ideia era propor que a empresa readmitisse a funcionária "e fizesse uma oficina para capacitar os colaboradores em como tratar a clientela LGBT e os colegas”.
Como não houve acordo, o caso será encaminhado à Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência.