Doria planeja 10 mil bicicletas emprestadas com Bilhete Único
Documento prevê o aumento do número de bicicletas oferecidas de cerca de 200 para 10 mil em um ano
© HELOISA BALLARINI/SECOM
Brasil Mobilidade
O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), assinou decreto nesta quinta-feira (21) que estabelece novo modelo de compartilhamento de bicicletas. O documento prevê o aumento do número de bicicletas oferecidas de cerca de 200 para 10 mil em um ano.
As bicicletas serão fornecidas por empresas interessadas, como o banco Itaú, que já tem parceria com a Prefeitura de São Paulo, e serão liberadas para os usuários por meio do cartão do Bilhete Único.
O programa determina que terão prioridade na instalação das bicicletas em regiões mais disputadas, como no centro de São Paulo, as empresas que tiverem mais bicicletas nas áreas periféricas. Nesses locais, segundo o secretário de Mobilidade e Transportes, Sergio Avelleda, a prefeitura quer que os usuários tenham a possibilidade de pegar uma bicicleta e devolver apenas no dia seguinte, podendo, assim, utilizá-la como meio de transporte entre a estação de metrô ou o terminal de ônibus e suas casas.
"Esse serviço tem uma característica que chamamos de 'a última milha', a conexão entre estações de metrô e um prédio comercial, uma universidade, uma residência. Tem que se integrar com o sistema de transporte público. Os grandes pontos de chegada e de partida terão prioridade na instalação das estruturas", diz Avelleda, que não vê o aumento de roubos como um problema potencial para a ideia de pernoitar com a bicicleta.
"Os operadores atuais não tem um grande problema com furto de bicicletas. Não é um número elevado. As bicicletas são controladas por georreferenciamento, e a própria pessoa terá interesse em devolver a bicicleta para pegá-la no dia seguinte".
Os valores serão cobrados dos usuários por meio do Bilhete Único -inicialmente, do cartão, que Doria quer extinguir e deixar apenas nos celulares. Os preços serão estabelecidos por uma comissão municipal na próxima semana, e a estimativa é que em duas semanas as estações de bicicletas comecem a ser distribuídas pela cidade. A administração pública não terá custos com o projeto, que será bancado por empresas privadas interessadas em exporem suas marcas.
Inicialmente, o sistema de compartilhamento de bicicletas fazia parte do projeto de lei 367/2017, do Executivo, que trata da concessão de parques, terminais de ônibus, Bilhete Único e mercados e sacolões, mas foi retirado para dar lugar ao decreto.
Não será permitido que as empresas restrinjam o uso das bicicletas para clientes com cadastro bancário. Apenas o Bilhete Único será exigido como meio de cobrança das tarifas e de controle dos usuários. A prefeitura receberá das empresas informações sobre os trajetos feitos pelos usuários e os utilizará, segundo Avelleda, para a melhoria das políticas cicloviárias.
"É algo que pode nos levar a ter 20 mil bicicletas em dois anos, facilmente, e integradas ao sistema público de transporte", afirma o vereador Police Neto (PSD), um dos principais idealizadores do projeto.
+ Cerca de 11 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos no Brasil
CICLOVIAS
Com o aumento das bicicletas, as atuais ciclovias serão mais exigidas e a demanda pela criação de novas aumentará. No entanto, a gestão Doria tem adotado medidas impopulares em relação aos ciclistas, com o fechamento de ciclovias e discursos em favor de comerciantes em detrimento de ciclistas. Por conta disso, o prefeito tem sido alvo de protestos de ciclistas.
Sobre o tema, Avelleda disse que o projeto é construir mais ciclovias.
A regulamentação do setor resolve um impasse jurídico que se estende desde que o Bike Sampa, sob controle do Itaú, teve seu contrato inicial de três anos encerrado em 2015. O serviço passou a operar com um termo provisório, o que atrofia sua capacidade de construir novas estações.
O Tribunal de Contas do Município já suspendeu duas concorrências públicas abertas pela prefeitura para tentar atrair novas empresas. Com informações da Folhapress.