Tratamento de doenças de pele avança com medicamentos biológicos
Medicamentos são produzidos a partir de células vivas com métodos de biotecnologia
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Brasil Evolução
Apesar de décadas de negligência e pouca pesquisa sobre tratamentos de doenças de pele como vitiligo e psoríase, as perspectivas dessa área vêm melhorando nos últimos anos, com o desenvolvimento de medicamentos que atacam diretamente os fatores que desencadeiam as doenças e provocam menos efeitos colaterais.
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A psoríase é uma doença crônica inflamatória dermatológica, autoimune e não contagiosa. Vitiligo, também autoimune, causa manchas de despigmentação na pele.
Os tratamentos atuais, com medicamentos biológicos -produzidos a partir de células vivas com métodos de biotecnologia-têm levado em conta novas descobertas sobre os genes e mutações que estão no cerne da doença, e atacam áreas específicas que causam as enfermidades, segundo Caio Cesar de Castro, professor na PUC Paraná cuja principal área de pesquisa é o vitiligo.
Castro participou do debate Saúde da Pele, realizado pela Folha de S.Paulo e patrocinado pela SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), ao lado de José Antonio Sanches Junior, presidente da SBD e professor do departamento de dermatologia da Faculdade de Medicina da USP, Adriana Porro, vice-chefe do Departamento de Dermatologia da Unifesp, e Elisabeth Lima Barboza, médica dermatologista portadora de psoríase.
A mediação foi feita por Sabine Righetti, jornalista colaboradora da Folha de S.Paulo. O debate faz parte do fórum Saúde da Pele, realizado pela Folha de S.Paulo e patrocinado pela SBD.
O principal avanço no tratamento veio a partir das décadas de 1960 e 1970, quando começaram a ser estudadas as moléculas alvo. "São doenças de baixa mortalidade e por isso foram negligenciadas durante muito tempo", afirmou Sanches Jr. "Elas trazem, porém, um sofrimento muito grande por questões de autoestima e preconceito."
O especialista defendeu a maior exposição de pessoas com enfermidades de pele, para que a sociedade reconheça a necessidade de mais pesquisas seja reconhecida pela sociedade.
Outro fator importante para o tratamento, segundo ele, é que o diagnóstico seja feito o mais breve possível, quando são maiores e mais eficazes as opções de tratamento.
Elizabeth Barbosa, médica dermatologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo, descobriu em 2015 que tinha uma artrite psoriática, variedade da doença que afeta a pele e as articulações.
Com fortes dores nas juntas, que depois avançaram para os tendões e a coluna, ela tinha limitações para andar, escrever ou ficar de pé, o que a levou a abandonar momentaneamente as funções acadêmicas.
Como os tratamentos clássicos não funcionaram, ela iniciou há cerca de três meses terapia com o medicamento biológico secuquinumabe, que inibe uma proteína encontrada em concentrações elevadas na pele afetada pela psoríase.
Apesar de não ter se restabelecido totalmente, Elizabeth disse que já consegue cumprir algumas das funções cotidianas e voltou recentemente a dar aulas.
A vice-chefe do Departamento de Dermatologia da Unifesp, Adriana Porro, citou como exemplos de avanços recentes novos tratamentos para doenças bolhosas (que geram bolhas e feridas na pele), como o pênfigo ou fogo selvagem, que afeta principalmente a população pobre, e o penfigoide bolhoso, que atinge pessoas idosas.
A especialista reforçou a importância de campanhas de conscientização que não sejam voltadas apenas à população, mas também para que médicos de outras áreas sejam capazes de encaminhar pacientes o mais cedo possível ao tratamento adequado. Com informações da Folhapress.