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Brasileiro acha que cabe ao Estado combater desigualdades, diz pesquisa

Levantamento foi realizado pela ONG Oxfam

Brasileiro acha que cabe ao Estado combater desigualdades, diz pesquisa
Notícias ao Minuto Brasil

05:47 - 07/12/17 por Notícias Ao Minuto

Brasil Direitos Humanos

A pesquisa Nós e a desigualdade, divulgada nesta quarta-feira (6) pela ONG Oxfam Brasil, investigou a percepção dos brasileiros sobre a desigualdade e aponta que a má distribuição da renda, do patrimônio e dos serviços essenciais no país não passa despercebida pela população que, em sua maioria, defende ser papel do Estado corrigir essas distorções, financiado por mais impostos pagos pelos mais ricos.

A maioria dos brasileiros se manifestou contra a ideia de um Estado mínimo: 79% acreditam que o combate a desigualdades entre indivíduos é obrigação de governos. Na avaliação da Oxfam, a sociedade brasileira “mantém a expectativa de que governos reduzam a distância entre ricos e pobres, jogando no colo dos muito ricos, maior responsabilidade pelo financiamento de políticas sociais”.

Ao mesmo tempo que a pesquisa revela que a maior parte dos brasileiros (75%) é contra o aumento geral de impostos para financiar políticas sociais, mostra que a resposta das pessoas muda quando consultadas sobre uma cobrança maior de impostos especificamente para pessoas muito ricas. “O expressivo número de 71% dos entrevistados apoia o aumento de impostos para pessoas muito ricas, desmistificando a ideia de que o brasileiro é anti-impostos por princípio”, diz o levantamento, encomendado pela ONG ao Instituto Datafolha.

A pesquisa entrevistou 2.025 pessoas de 129 municípios de pequeno, médio e grandes portes, incluindo regiões metropolitanas e cidades do interior das cinco regiões, em agosto de 2017, com divisão etária, de gênero, cor e renda. A margem de erro para a amostragem geral é de 2% para mais ou para menos.

Em relação à redistribuição da carga tributária, que atualmente pesa mais sobre os mais pobres, a percepção também é que os ricos precisam pagar mais. “Como se sabe, o peso dos tributos indiretos é bastante alto no sistema tributário nacional, o que acaba por onerar mais quem ganha menos”, diz a pesquisa. Diante da pergunta “O governo deveria diminuir os impostos sobre os produtos e serviços que a população consome e compensar a diferença com aumento de impostos sobre a renda dos mais ricos”, 72% dos brasileiros se disseram favoráveis à redução da carga indireta e aumento da carga direta sobre pessoas muito ricas.

A injustiça tributária do país foi tratada no relatório A Distância que nos Une, publicado em setembro de 2017, também pela Oxfam, segundo o qual, os 10% mais pobres da população brasileira gastam 32% da renda em tributos, contra 21% de gastos de renda dos 10% mais ricos. Se forem considerados apenas os tributos indiretos, a parcela mais pobre compromete 28% da renda com tributos, contra 10% da camada mais rica.

Diferenças regionais

Entre os entrevistados, 82% concordaram totalmente ou em parte com as afirmações “O governo deve ter como prioridade diminuir a desigualdade entre as regiões mais ricas e as regiões mais pobres do país” e “O governo deve transferir dinheiro público para que os rstados com serviços públicos ruins ofereçam a mesma qualidade dos estados que têm serviços públicos bons”.

Sobre as possíveis soluções para enfrentar a desigualdade no país, 71% dos brasileiros apontam a oferta de emprego como um dos principais mecanismos de combate à desigualdade; 67% acham que a saída é mais investimento em educação e 61% defendem reformas do sistema político.

Desigualdade e meritocracia

Diante da pergunta “O que é desigualdade?”, a maioria dos entrevistados destacou as desigualdades socioeconômicas. Parte focou nas diferenças de classe social e má distribuição da renda (39%), outros na carência de recursos e serviços (8%) e outros nas diferenças na ação do governo e da classe política (7%).

Outro ponto importante apontado pela pesquisa é a opinião dos brasileiros em relação ao papel do esforço pessoal para obtenção de sucesso. Diante da afirmação “No Brasil, uma pessoa de família pobre e que trabalha muito tem a mesma chance de ter uma vida bem-sucedida que uma pessoa nascida rica e que também trabalha muito”, 60% responderam que não concordam. “Tal constatação nos permite inferir que, para os brasileiros, as desigualdades não são simplesmente produto das diferentes capacidades e níveis de esforço individual”, avalia a Oxfam.

Ao mudar a afirmação, com o objetivo de verificar o papel atribuído pela população à educação como fator chave na determinação de desigualdades, o resultado foi parecido. Frente à frase “No Brasil, uma criança de família pobre que consegue estudar tem a mesma chance de ter uma vida bem-sucedida que uma criança nascida em uma família rica”, 55% dos entrevistados discordaram, apesar de o acesso à educação de qualidade ter entrado nas respostas sobre as causas e soluções para a desigualdade no país. Com informações da Agência Brasil.

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