3 dias após choque em folião, prefeitura faz vistoria em postes de SP
Ordem de vistoria foi dada à AES Eletropaulo, distribuidora de energia, e ao Ilume, departamento de iluminação da cidade
© Reuters
Brasil Carnaval
Três dias após um estudante ter sido eletrocutado ao encostar em um poste de São Paulo durante um desfile de bloco do Carnaval, a gestão do prefeito João Doria (PSDB) mandou vistoriar as 110 câmeras de segurança instaladas de forma irregular pela cidade por uma terceirizada contratada pela Dream Factory, vencedora da concorrência para gerir o patrocínio de R$ 20 milhões do Carnaval.
A ordem de vistoria foi dada à AES Eletropaulo, distribuidora de energia, e ao Ilume, departamento de iluminação da cidade. No domingo (4), o estudante Lucas Antônio Lacerda da Silva, 22, recebeu uma descarga elétrica em um poste na rua da Consolação, na região central, onde tinham sido instaladas duas dessas câmeras de segurança.
O equipamento foi colocado em um poste de sinalização de pedestres pela GWA Systems, contratada pela Dream Factory para atender à exigência do edital de chamamento público de instalar 200 câmeras de monitoramento nas regiões de maior concentração de foliões durante o Carnaval.
Segundo a prefeitura, porém, as empresas não tinham autorização da CET, para instalar as câmeras no poste, nem da Ilume, para esticar um fio de um outro poste para ligar esses equipamentos. O dono da GWA Systems, Arthur José Malvar de Azevedo, disse à reportagem que teve apenas três dias para instalar as câmeras de segurança, depois que a Secretaria de Prefeituras Regionais e a Dream Factory definiram os locais onde deveriam ser instaladas.
+ Caso de jovem folião eletrocutado expõe falhas no Carnaval de São Paulo
Sobre as vistorias, a Secretaria de Prefeituras Regionais informou que recebeu apenas na terça-feira (6) a noite a lista com os locais onde os equipamentos foram instalados. Das 110 câmeras, 58 estavam afixadas em postes, segundo a pasta. Por ter demorado em fornecer as informações e não ter avisado sobre o contrato com a GWA Systems, a Dream Factory será notificada pela secretaria.
O Ilume, departamento de iluminação pública da cidade, informou que localizou 16 câmeras de segurança instaladas de forma irregular na rua da Consolação, onde o estudante sofreu a descarga elétrica. Os aparelhos foram desligados e o mesmo procedimento será feito com as demais câmeras, segundo o departamento.
QUESTIONAMENTOS
Nesta terça-feira (6), a reportagem encaminhou uma série de questionamento à prefeitura a respeito da instalação irregular das câmeras no poste de sinalização, mas não obteve respostas. A administração não esclareceu, por exemplo, sobre a falta de fiscalização do serviço prestado pelas empresas terceirizadas.
A gestão Doria apenas frisou que os órgãos municipais não foram comunicados pelas empresas sobre a instalação das câmeras no poste. Mas não esclareceu se funcionários da prefeitura deveriam ter acompanhado e fiscalizado a qualidade da instalação nem se o poste de iluminação, onde foi conectado o fio para ligar as câmeras, havia sido inspecionado. A gestão Doria também não esclareceu se funcionários da CET realmente não perceberam a presença das câmeras no poste de sinalização na esquina das ruas da Consolação e Matias Aires.
Também nesta terça (6), Doria afirmou que a prefeitura aguarda o laudo da polícia para se manifestar oficialmente sobre a morte de Silva, que chamou de "lamentável acidente". Ele disse que a instalação das câmeras não estava autorizada e não representava um "instrumento da prefeitura". Tanto o TCM (Tribunal de Contas do Município) como o Ministério Público pediram esclarecimentos à prefeitura. Com informações da Folhapress.