Padre pede calma para retirar pichação de muro no Pateo do Collegio
Marco histórico e turístico da capital paulista, o prédio do Pateo do Collegio, no centro, amanheceu com a sua fachada pichada, na manhã de terça (10)
© Paulo Pinto/FotosPublicas
Brasil marco histórico
A restauração da fachada do Pateo do Collegio, no centro da capital paulista, será iniciada na próxima semana em ação voluntária e coletiva. A direção do prédio histórico afirma que a reparação não é simples e pede calma à população.
Marco histórico e turístico da capital paulista, o prédio do Pateo do Collegio, no centro, amanheceu com a sua fachada pichada, na manhã de terça-feira (10). A frase "Olhai por nois" com letras garrafais em vermelho tomou conta da fachada de um museu e da capela São José de Anchieta do complexo, que pertence à Companhia de Jesus, ordem religiosa dos jesuítas.
Na tarde desta quarta (11), o diretor do Pateo do Collegio, padre Carlos Alberto Contieri, emitiu nota em que afirma que a entidade aceitou ajuda oferecida por pessoas sensibilizadas, que pediram anonimato. "[Pedimos] a calma necessária para as reflexões pertinentes ao realizar uma ação sobre um bem tão importante. E para realizarmos um serviço completo de recuperação e não pela metade", afirma.
Contieri afirmou que ato "solitário, às escondidas" será respondido com "união, colaboração, solidariedade e esperança".
Uma reunião será realizada nos próximos dias para definir como será feito o processo de restauração da pintura com as tradicionais cores branco, na parede, e azul e bege, nas janelas.
As imagens do circuito interno do complexo mostram que um dos suspeitos assumiu o controle da pichação. Ele usou uma espécie de compressor e conseguiu esguichar tinta até a altura das janelas do primeiro andar da edificação.
A pichação com extintor de incêndio é uma técnica que passou a ser adotada nos últimos anos por pichadores paulistanos. Há vários vídeos na internet que mostram situações do tipo.
MARCO ZERO
O Pateo do Collegio está associado à fundação de São Paulo. O local escolhido para a construção do complexo foi estratégico porque é alto e era servido por dois rios importantes: Anhangabaú e o Tamanduateí.
Ali, os jesuítas criaram um colégio para catequizar índios. A missa em comemoração à abertura dessa pequena escola, em 1554, foi escolhida, anos depois, para marcar a fundação de São Paulo.
Dois séculos depois, os jesuítas foram expulsos do Brasil e o espaço do colégio virou sede do governo local –que funcionou até 1930. Por trás da parede branca em frente ao pátio, há a paróquia de São José de Anchieta e um museu.
O museu conta com coleções de peças de arte sacra, como crucifixos, oratórios e pias de água benta, além de pinturas dos séculos 17 e 18. No espaço ainda se pode ver, por fotos, mapas e maquetes, as mudanças arquitetônicas pelas quais São Paulo passou. Também guarda o manto do padre José de Anchieta (1534-1597), canonizado em 2014 pelo papa Francisco.
Já a paróquia ostenta uma relíquia para os católicos: o fêmur de Anchieta. O espaço é tombado pelo Condephaat (conselho estadual de defesa do patrimônio histórico). Com informações da Folhapress.