Sobe para 49 o nº de sem-tetos procurados em prédio que caiu em SP
150 famílias foram cadastradas em março do ano passado como ocupantes do prédio
© Foto Paulo Pinto/FotosPublicas
Brasil Incêndio
A Prefeitura de São Paulo está em busca de 49 pessoas que moravam no edifício Wilton Paes de Almeida e não mais foram localizadas após o desabamento do prédio, na madrugada desta terça (1º), no centro da capital paulista.
Segundo a Secretaria Municipal de Habitação, 150 famílias foram cadastradas em março do ano passado como ocupantes do prédio. Destas, 49 pessoas continuam sem paradeiro definido após a tragédia. Mas, como a rotatividade no local é alta, é possível que elas nem estivessem mais dormindo lá -assim como outras podem ter entrado no local desde então.
Até o final da manhã, o Corpo de Bombeiros passou a trabalhar com o mesmo número da gestão Bruno Covas (PSDB) e classificou 44 pessoas como desaparecidas. Um cruzamento de um cadastro antigo do prédio com nomes que familiares e amigos apontados a agentes da prefeitura elevou o número. Mas os bombeiros ainda trabalham com uma só vítima confirmada até agora.
O único morador desaparecido e que foi identificado é Ricardo, mais conhecido na ocupação como Tatuagem. Ele desapareceu no desabamento durante tentativa de resgate. A corda que serviria para içá-lo foi encontrada sob os escombros.
As famílias afetadas pelo incêndio vão receber R$ 400 de auxílio aluguel (1.200 no primeiro mês), por 12 meses. O benefício não está vinculado à entrega de um imóvel depois, diferentemente do caso das famílias da região da cracolândia.
O Corpo de Bombeiros trabalha com cães farejadores e estão munidos com drones e câmeras sensíveis ao calor para tentar localizar possíveis sobreviventes. No segundo dia de buscas, a corporação tem 75 homens que estão alocados em três frentes: busca e salvamento, continuidade do rescaldo e liberação de vias no entorno, para que a Eletropaulo possa desligar a rede elétrica do edifício.
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A estimativa do Corpo de Bombeiros é de que as buscas possam durar ao menos uma semana.
Após a tragédia, o prefeito Bruno Covas (PSDB) anunciou que a Defesa Civil fará mapeamento de risco em 70 prédios invadidos em São Paulo, em um prazo de 45 dias.
"A Defesa Civil vai fazer um levantamento nos 70 prédios que estão ocupados, que estão invadidos na cidade de São Paulo, para a gente verificar que ações precisam ser tomadas, se há alguma ação emergencial que precisa ser feita por conta de risco desses 70 prédios", disse.
Além disso, outros cinco prédios nos arredores foram interditados. A prefeitura vai analisar se eles podem ser liberados ou se precisarão passar por reforma.
O Ministério Público afirmou que vai reabrir investigação sobre a situação do prédio, arquivada após apresentação de laudos de que não haveria risco no local. A prefeitura afirmou que vai trabalhar em conjunto com o órgão, para verificar o que aconteceu em relação a essa documentação.
ACAMPAMENTO
A praça do Largo do Paissandu virou um acampamento a céu aberto. Cerca de 150 pessoas afetadas pelo desabamento do prédio se somaram aos moradores de rua e dormiram no local.
Ao longo da madrugada, uma equipe da pasta da assistência social ficou no local para cadastrar e encaminhar aqueles que manifestassem interesse em ir para abrigos. Vans chegaram e saíram ao longo da madrugada com antigos moradores e pessoas em situação de rua.
Segundo a pasta, entre 19h de terça (1º) e 7h desta quarta (2), 42 pessoas foram para abrigos, sendo 41 para o abrigo Prates -além de seis crianças- e outro adulto para o abrigo Pedroso.
INCÊNDIO
Moradores do prédio que desabou afirmam que o incêndio começou por volta da 1h30 de terça após uma explosão no quinto andar. Eles desconfiam que se trate de um botijão de gás após uma discussão entre um casal. Após a explosão, houve fogo e fumaça pelo prédio.
Segundo o secretário da Segurança Pública, Magino Alves, a principal hipótese da Polícia Civil, que apura as causas do incêndio, é de que o fogo tenha começado por um acidente doméstico -ainda não se sabe se vazamento de gás ou explosão de panela de pressão. Um inquérito foi aberto no 2°DP (Bom Retiro).
Na avaliação de Marcelo Bruni, gerente metropolitano do Crea-SP, o prédio estava "numa situação fora de controle, infelizmente". "Uma estrutura metálica, num incêndio, é muito suscetível à mudança de temperatura. Se podemos dizer que houve uma circunstância feliz é que o prédio desabou sobre ele mesmo, não sobre vizinhos. Danificou a igreja, mas, considerando o que podia ter havido, foi menos grave".
Durante a madrugada, o incêndio atingiu outros prédios no entorno da antiga sede da PF. Entre eles, a Igreja Martin Luther teve sua estrutura danificada. O templo é a primeira paróquia evangélica luterana da capital, inaugurada em 1908.
Ao todo, 366 bombeiros já atuaram na ocorrência desde o início do incêndio, com 57 caminhões. Os agentes da linha de frente têm no currículo um curso de busca e resgate em estruturas colapsadas.
Os agentes estimam que o trabalho de resfriamento pode durar até uma semana. A câmera térmica aponta temperaturas acima dos 150°C. Com informações da Folhapress.