Ocupações têm taxas para manutenção e regras rígidas de convivência
MLSM, responsável pelo prédio que desabou, tem outras 5 ocupações e não é reconhecido no meio como um movimento organizado
© Paulo Whitaker/Reuters
Brasil Centro de SP
As ocupações urbanas na cidade de São Paulo estão em evidência após o incêndio e desabamento de um prédio no Largo de Paissandu na última terça-feira (1º). O incidente fez ao menos quatro vítimas e deixou 49 desaparecidos.
Uma reportagem do G1 verificou como os movimentos sociais que organizam as ocupações se organizam para manter conservação e segurança dos prédio.
O antigo Hotel Columbia Palace, um edifício de seis andares na Avenida São João, também no Centro de São Paulo, é ocupado desde 2010 por famílias que fazem parte do Movimento Sem Teto pela Reforma Urbana (MSTRU), ligada à Frente de Luta pela Moradia (FLM). Atualmente, o local abriga 77 famílias.
A coordenadora da FLM, Antônia Ferreira Nascimento, informou que o prédio passou por três vistoias dos Bombeiros no ano passado. Uma das recomendações era providenciar um corrimão da escadaria.
Para necessidades como essa, limpeza, segurança e reformas, o movimento cobra uma taxa de $150 por família, decidida em uma assembleia de moradores. “Toda hora acontece uma coisa, toda hora um cano quebra. Fora o próprio movimento, que precisa de ajuda financeira, com as bandeiras e todo o material para ir pra rua”, explicou a coordenadora.
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Atualmente, a Frente de Luta por Moradia (FLM) possui 15 ocupações no Centro da cidade. “Em todas as ocupações, a gente orienta para que tenha contribuição decidida em assembleia para cuidar do prédio, fazer a zeladoria, melhorar parte da iluminação”, disse Osmar Silva Borges, membro da direção da FLM.
O fornecimento de água e luz não são regularizados. Antônia diz que a ligação foi solicitada, mas o pedido não foi atendido pela Prefeitura.
O Movimento de Luta Social por Moradia (MLSM), responsável pelo prédio que desabou, tem outras 5 ocupações. Osmar afirma que o grupo não é reconhecido no meio como um movimento organizado.
“Porque não participam de nenhum espaço para políticas de habitação, não fazem a luta pela reforma urbana. É um grupo que surgiu de forma oportunista na cidade, como vários outros grupos”.
A Polícia quer ouvir os responsáveis pela ocupação do edifício Wilton Paes de Almeida. Ananias Pereira e uma mulher conhecida como Irmanil, apontados como líderes do MLSM e responsáveis pelo prédio, estão sendo procurados.
“Estamos lá ajudando para dar uma saída para as famílias, elas não podem ser penalizadas pelas pessoas que as abandonaram quando elas mais precisam”, afirma Osmar.