Conselho Tutelar deve avaliar situação de crianças após incêndio
Dezenas de crianças de cerca de 50 famílias ocupam barracas há mais de dez dias, que se recusam a ir para abrigos oferecidos pela Prefeitura
© Paulo Pinto/ Fotos Publicas
Brasil Desabrigados
A Promotoria de Infância e Juventude de São Paulo acionou o Conselho Tutelar para avaliar a situação das crianças acampadas no largo do Paissandu, na região central da capital paulista, desde que o prédio em que viviam pegou fogo e desabou, na madrugada do dia 1º.
Conforme a Folha de S.Paulo mostrou no sábado (13), dezenas de crianças de cerca de 50 famílias ocupam barracas há mais de dez dias porque se recusam a ir para abrigos oferecidos pela Prefeitura de São Paulo.
Não há banheiros públicos por perto, e as mães enfrentam uma peregrinação pelos bares do entorno quando as crianças ficam apertadas.
Há 12 banheiros químicos instalados a poucos metros do acampamento, mas o uso é exclusivo dos bombeiros e oficiais que ainda trabalham nos escombros. Principal reivindicação dos acampados é que o uso seja liberado.
Na hora do banho, as mães recorrem a outros prédios ocupados no entorno.
"Xixi dá para fazer no copinho, mas coco é mais difícil. Muitas vezes elas fazem nas calças mesmo porque não dá tempo de achar um banheiro", disse na última semana à reportagem Daisy da Silva Rodrigues, 32, mãe de sete filhos, sendo que quatro vivem com ela atualmente dentro de uma barraca no largo Paissandu, entre elas, a pequena Sofia, 1.
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A situação precária das famílias na praça motivou a Prefeitura de SP a enviar um ofício ao Ministério Público no qual pede providências legais, caso eles continuem resistentes a ir para os abrigos. A Promotoria recebeu o documento e agora acionou o Conselho Tutelar para avaliar a situação.
As famílias se recusam a sair da praça porque cobram da gestão Bruno Covas (PSDB) ações mais contundentes que lhes garantam uma moradia.
A prefeitura ofereceu auxílio-aluguel a 171 famílias que estavam cadastradas como moradoras do prédio. O benefício prevê parcelas de R$ 400 por mês por um ano, mais R$ 1.200 no primeiro mês. O auxílio-aluguel, porém, é visto como insuficiente.
Segundo a secretária municipal dos Direitos Humanos, Eloísa Arruda, o conselho tutelar tem feito relatórios sobre a situação das crianças, mas cabe ao Judiciário uma eventual ordem para retirá-las de lá. A prioridade da gestão tucana, segundo ela, é convencer as famílias do acampamento a irem para os abrigos e que reivindicações, como permitir o uso dos banheiros químicos próximos, não serão acatadas. "Não queremos incentivar a permanência das pessoas ali." Com informações da Folhapress.