Em crise, Fies tem 60% de inadimplência e sobram vagas
De acordo com especialistas, mudanças nas regras assustaram os estudantes
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Brasil Educação
Após vivenciar grande crescimento, o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) enfrenta uma crise e não atrai mais tantos candidatos como no passado. Além de ofertas de vagas sem interessados, a inadimplência do programa atinge mais da metade dos contratos em fase de amortização.
De acordo com dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), publicados no domingo (15) pelo O Globo, dos 613.962 contratos em amortização neste ano - que estão sendo pagos por estudantes já formados -, 59% estão inadimplentes, o que corresponde a 364.063 contratos com pelo menos um dia de atraso no pagamento.
Para comparação, no auge do programa, em 2014, 732.674 contratos estavam em amortização, com um percentual de inadimplência de 38%, que já é considerado alto por especialistas.
Soma-se à falta de pagamento o desinteresse dos estudantes pelo financiamento. A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) calcula que apenas 30 mil das 80 mil vagas oferecidas para o primeiro período letivo foram preenchidas, ficando com uma ociosidade de 62,5%.
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Consultado pelo O Globo, o vice-presidente da Abmes, Celso Niskier,disse que o problema do Fies se explica pelo desinteresse dos estudantes e pelos erros na formulação das regras.
A redução no número de ingressantes verificada nos últimos anos é, na verdade, resultado das alterações promovidas no programa pelo governo federal, que iniciaram em 2015 e foram concluídas no final de 2017. Foram mudanças que retiraram o caráter social do programa, conferindo a ele o caráter eminentemente fiscal e financeiro, tornando-o inacessível para uma parcela significativa dos estudantes que necessitam do suporte do poder público para conseguir acessar a educação superior."
De acordo com a Doutora em Educação pela PUC- Rio, Andrea Ramal, "o Fies ficou menos atraente". Isto porque o prazo de carência foi reduzido e uma parte do Fies foi delegada a bancos privados, com juros regulados pelas próprias instituições.
A crise econômica e os altos índices de desemprego, somados à burocracia para aderir ao programa e aos critérios mais rigorosos para receber o benefício, também justificam a redução do número de interessados, segundo os profissionais.
Inscrições abertas
As inscrições do segundo semestre para obter o financiamento estudantil foram abertas nessa segunda-feira (16). De acordo com o Ministério da Educação (MEC), são 155 mil vagas a serem preenchidas por estudantes que participaram do Enem a partir da edição de 2010 e obtiveram média aritmética das notas nas provas igual ou superior a 450 pontos, além de nota na redação superior a 0. Conheça os pré-requisitos e saiba como se inscrever.