Motorista preso por engano no Rio desabafa: 'Sociedade racista'
Família do homem que foi encarcerado indevidamente investigou o caso e achou o paradeiro do verdadeiro assaltante
© Reprodução/TV Globo
Brasil Injustiça
O motorista Antônio Carlos Rodrigues foi preso no dia 13 de julho sob suspeita de ter assaltado o Consulado da Venezuela no Rio, no início do mês passado. Nessa sexta-feira (20), uma semana depois de ser encarcerado na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte da cidade, ele deixou a prisão após a família dele achar o paradeiro do verdadeiro criminoso.
A confusão se deu por conta de uma suposta semelhança física entre os dois homens. O relatório da delegada Valéria Aragão afirma que os dois são carecas, com orelhas grandes, pontudas e voltadas para fora. Ela também citou a cor da pele, o formato do nariz e o formato da cabeça.
“Eles me pegaram com a roupa do corpo. Fiquei com essa roupa até ontem. Quando fui solto, eu tirei a camisa e joguei fora”, contou Antônio Carlos ao G1. “Lá não tinha dormido, não dormi, fiquei esses dias sem conseguir dormir”, relembrou.
O motorista de aplicativo disse ter dividido a cela com mais de 80 homens. “Eu estou com medo ainda. Tive medo lá dentro e estou com medo agora. Ruins, péssimos, horríveis, nojentos. Cada um faz o que quer da sua vida. No meu caso eu não procurei estar ali, fui colocado”, contou.
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Diante da situação caótica, a família de Antônio Carlos decidiu não esperar por uma solução da polícia e investigar por conta própria quem era o verdadeiro ladrão. Foi então que descobriram que ele também já estava preso.
Assim que foi solto, o motorista desabafou: “Nunca mudou e nunca vai mudar: a sociedade foi e sempre vai ser racista, e a Justiça, cega e falha”.
A Polícia Civil e a delegada responsável pelo caso não se manifestaram.