Capela na zona leste de SP pode ser desapropriada pela Prefeitura
Fiéis que frequentam a igreja dizem ter ouvido do padre da paróquia, na missa do último domingo (5), que o prazo para que a igreja desocupe o local vence nesta quarta
© Pixabay
Brasil Reintegração
Há mais de 20 anos na rua Mateus de Siqueira, 395, no Patriarca, na zona leste de São Paulo, a Capela Santa Edwiges pode ter que ser fechada a partir desta quarta-feira (8).
Isso porque a Prefeitura de São Paulo, sob gestão de Bruno Covas (PSDB), pediu a reintegração de posse do local, que está dentro de um terreno público.
Segundo documento ao qual a reportagem teve acesso, emitido em 20 de julho, a prefeitura pede de volta seu bem e afirma que a Associação Santa Edwiges do Jardim Triana, que cuida da capela, continua utilizando o espaço público com propósito religioso, o que é vetado pela Constituição Federal, segundo despacho assinado pelo procurador municipal André Zanetti Papaphilippakis.
Fiéis que frequentam a igreja dizem ter ouvido do padre da paróquia, na missa do último domingo (5), que o prazo para que a igreja desocupe o local vence nesta quarta.
Uma das fiéis mais antigas, a pensionista Anna Orlanda de Oliveira José, 79, descobriu sobre o despejo na missa do último domingo, a primeira a que compareceu após dois anos, por causa de uma doença que a impedia de sair.
"Fui de cadeira de rodas e me deparo com essa notícia triste. Essa capela representa a felicidade para mim, ela é tudo pra mim. Virou uma família. Todos os domingos alguém da capela vem me trazer a santa comunhão. É importante para a comunidade."
A reportagem entrou em contato com a cúria diocesana de São Paulo, que pediu que se procurasse a Paróquia Nossa Senhora de Fátima, responsável pela igreja. O padre Wetemberg Aires de Oliveira deu entrevista, mas pediu que ela não fosse publicada.
Em nota enviada à reportagem, a prefeitura informa que não houve autorização para que a igreja fosse construída no local.
"O terreno é municipal, nunca houve permissão formalizada para a sua ocupação e, por lei, não é permitida a utilização do espaço para fins religiosos", diz a gestão municipal, que afirma estar há 19 anos tentando recuperar a posse do imóvel.
"O município está em tratativa com os administradores do templo, com mediação da Justiça desde 1999, para definir os termos para a desocupação do imóvel." Com informações da Folhapress.