Papuda tem 'risco de motim' por falta de remédios psiquiátricos
De acordo com relatório emitido pela Gerência de Saúde do Sistema Prisional do DF, há presos 'em surto' devido à falta de medicamentos
© Valter Campanato/Agência Brasil
Brasil Crise
O Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, apresenta "risco de motim ou violência extrema" por conta da falta de medicamentos para detentos com transtornos psiquiátricos. A informação consta em um despacho assinado pela Gerência de Saúde do Sistema Prisional do Distrito Federal – o setor da Secretaria de Saúde voltado para o monitoramento dos presídios. De acordo com o comunicado, há presos "em surto" devido à falta de remédios.
"Esclareço que desde fevereiro estamos enfrentando desabastecimento de alguns itens e já solicitamos providências [...] e vários pacientes/internos estão em surto, causando instabilidade na massa carcerária, acarretando elevado risco de motim ou violência extrema", diz o texto.
A pasta diz que está "preparando uma licitação" para normalizar os estoques, mas não dá prazo para que isso aconteça. Também foi aberto processo de compra descentralizada.
Ainda de acordo com a Secretaria de Saúde, ao menos seis medicamentos estão com estoques zerados. A ala de Tratamento Psiquiátrico (ATP) garantiu ao G1 que os profissionais "acompanham constantemente os pacientes, monitorando cada caso".
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A presidente da Associação de Familiares de Internos e Internas do Sistema Penitenciário do DF (Asisp), Alessandra Paes, disse ao site que é comum faltar medicamentos para os detentos. "Existe falta de medicamentos no sistema, desde remédios para hipertensão aos de tratamento de pele, e os de uso controlado", afirmou.
Em um grupo em rede social criado por familiares de presos, a mãe de um deles, que prefere não se identificar, disse que falta até Diazepam, usado para tratar casos severos de síndrome de ansiedade e quadros de desordem psiquiátrica.
Segundo um levantamento realizado pela TV Globo e pelo G1 em novembro do ano passado, as penitenciárias de Brasília comportam mais do que o dobro da capacidade. No total, são 8.419 presos a mais do que o permitido, o que corresponde a 113,85% de superlotação.