Governo anuncia a interiorização de mais 1 mil venezuelanos
Desde o início do ano, já foram interiorizados 820 pessoas para diferentes estados do país
© Reuters / Nacho Doce
Brasil Crise
No final de agosto, 1 mil venezuelanos abrigados em Roraima – distribuídos em 10 abrigos em Boa Vista e Pacaraima - serão interiorizados, anunciou nesta terça-feira (21) a subchefe substituta da Casa Civil, Viviane Ese, que integra o grupo interministerial que visita Pacaraima.
Por se situar na fronteira, a cidade tem recebido milhares de venezuelanos desde a intensificação da crise política e econômica na Venezuela. A maioria dos imigrantes estão vivendo em condição de rua e o governo quer acelerar o processo de interiorização. Desde o início do ano, já foram interiorizados 820 pessoas para diferentes estados do Brasil.
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Segundo Viviane, na próxima etapa do programa de interiorização os venezuelanos sairão de Roraima em voos marcados para o fim de agosto e início de setembro, prioritariamente para a Região Sul. As cidades ainda não foram divulgadas.
O governo federal anunciou também a construção de um novo abrigo de transição entre as cidades de Boa Vista e Pacaraima, além da ampliação do número de vagas nos abrigos existentes. O início da obra será imediato, segundo a representante da Casa Civil.
"A intenção é que a gente faça a regularização de fronteira de forma humanitária. Temos também o processo se interiorização e de acolhimento para que não tenhamos mais pessoas nas ruas. O presidente [Michel Temer] anunciou o fortalecimento dessas ações", disse Viviane.
O secretário Nacional de Segurança Pública, Flávio Basílio, informou que mais 60 homens da Força Nacional foram enviados hoje (21) a Roraima para apoiar o trabalho da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Exército. Eles saíram de Brasília, com 16 viaturas e um ônibus. Ontem (20), chegaram em Boa Vista os primeiros 60 homens da Força Nacional de um total de 120.
Hoje (21), uma equipe com técnicos de 11 ministérios visita a cidade de Pacaraima para avaliar a situação e levantar informações para adoção de novas medidas para ajudar os imigrantes venezuelanos. Eles se encontraram com representantes das agências da Organização das Nações Unidas (ONU) que tratam de refugiados e com agentes sociais que prestam assistência aos estrangeiros
Uma das entidades que participou dos encontros é a Fraternidade - Federação Humanitária Internacional, responsável pela coordenação de quatro abrigos de venezuelanos, em Boa Vista, e um abrigo de imigrantes indígenas em Pacaraima.
Segundo Ricardo Rinaldi, coordenador de emergências e ajuda humanitária da Fraternidade, ainda entram em Roraima cerca de 500 venezuelanos por dia, e, segundo ele, o estado não tem mais condições financeira e estrutural para acolher de forma adequada todos os imigrantes que estão na fila aguardando abrigo.
Pelo menos 2 mil venezuelanos ainda estão em situação de rua em Boa Vista. Por ser um estado com muitas terras indígenas, há também a limitação jurídica e geográfica para criar um polo industrial na região que possa empregar os novos imigrantes ou construir um grande abrigo que pudesse acolher 10 mil pessoas.
“Nós [governo, sociedade] não temos experiência com esse fluxo migratório. Todos nós estamos aprendendo nessa situação”, disse Rinaldi, acrescentado que o foco neste momento é a interiorização dos venezuelanos que já estão com documentos e foram imunizados, para abrir vagas nos abrigos. O desafio é criar condições de acolhimento nos outros estados brasileiros, não só nas capitais, mas também em cidades do interior. Com informações da Agência Brasil.