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Professora é acusada de racismo ao pedir para prender cabelo de aluna

Docente afirma que as outras crianças não se 'adaptaram' à aparência da menina

Professora é acusada de racismo ao pedir para prender cabelo de aluna
Notícias ao Minuto Brasil

16:08 - 09/09/18 por Notícias Ao Minuto

Brasil SP

Uma professora de uma escola municipal de São Paulo foi acusada de racismo após pedir para "dar um jeito" no cabelo de uma das alunas. Segundo a docente, as outras crianças da sala não se "adaptaram" à aparência da menina.

O caso aconteceu no dia 30 de agosto, quando a cuidadora Janaína de Oliveira Martins foi buscar a filha Gabriela na Escola Municipal de Educação Infantil Estrada Turística do Jaraguá.

"Eu fui buscar minha filha quando ela [a professora] me chamou de canto. Falou bem baixinho, para ninguém mais ouvir, que eu tinha que dar um jeito no cabelo da minha filha porque as outras crianças estavam achando estranho e ficavam xingando ela de 'feia' por ter o cabelo assim", contou Janaína ao site 'UOL', em entrevista publicada neste domingo (9).

Ela perguntou se tinha como eu fazer um coque ou uma trança no cabelo dela e eu falei que não, primeiro porque o couro cabeludo dela é sensível e isso poderia machucá-la, e segundo porque ela gosta do cabelo solto e eu não ia fazer isso para agradar outras crianças."

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A mãe, então, decidiu reclamar diretamente com a diretora da escola, que pediu alguns dias para resolver a situação internamente e marcou uma reunião com os pais e professoras na segunda-feira (3). No encontro, a professora, que teve a identidade preservada, demonstrou arrependimento e disse que "não teve intenção de magoar Gabriela", segundo Janaína.

Para a mãe, a professora deveria ter "ensinado as outras crianças que isso é errado", ao invés de sugerir uma mudança no cabelo da menina. "Eu falei que ia procurar a direção e ela disse que estava falando aquilo para o bem da Gabriela, disse que ela mesma tinha o cabelo 'ruim' e precisava alisar. Mas eu não tenho como alisar o cabelo de uma criança de quatro anos", completou.

O irmão de Janaína, Leonardo Martins, divulgou a história nas redes sociais e a advogada Maria Letícia Puglisi Munhoz, integrante da Diverse – organização especializada em crimes de discriminação que dá assistência jurídica a pessoas de baixa renda –, se candidatou para acompanhar o caso. Contudo, a mãe preferiu não registrar um boletim de ocorrência.

A advogada explicou que "é importante esclarecer que uma fala dessas é crime de racismo. Muita gente acha que é mal entendido, mas é crime, então não pode ser resolvido só com processo administrativo e advertência". "Mostrei os caminhos para a Janaína. Ela podia fazer boletim de ocorrência na delegacia ou entrar com uma ação civil pública, um pedido de indenização particular. É muito difícil um caso desses terminar em prisão", explicou Letícia.

A professora é concursada. É bom acompanhar a questão do afastamento porque muita gente não vê isso como uma atividade criminosa, e sim como algo que pode ser corrigido pedagogicamente. As pessoas têm que prestar atenção para entender a gravidade do racismo. A professora pediu desculpas, mas se a gente não começa a penalizar quem comete esses crimes, as coisas não mudam. Infelizmente alguns servem de exemplo. Esse tipo de caso é muito comum no Brasil."

A direção da escola afirmou ao 'UOL' que a docente será afastada. A professora se disse "muito abalada" com o caso e preferiu não se pronunciar. A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Educação - órgão responsável pela Emei - lamentou o ocorrido e informou que abriu "procedimento disciplinar contra a professora envolvida". A instituição garantiu que "está realizando ações pedagógicas com os alunos da sala em que a criança estuda, onde estão sendo abordados temas como o respeito à diversidade".

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