Para 49%, saúde deve piorar sem cubanos no Mais Médicos
O índice faz parte de recente pesquisa Datafolha
© REUTERS/Fernando Medina
Brasil Programa
Para 49% dos brasileiros, o atendimento em saúde pública no país pode piorar após a saída de médicos cubanos do programa Mais Médicos. O índice faz parte de recente pesquisa Datafolha para medir o impacto da saída dos médicos estrangeiros.
Segundo o levantamento, 38% acham que a saúde pode melhorar após a saída dos cubanos, enquanto outros 8% avaliam que a saúde ficará igual. Já 5% não opinaram.
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O Datafolha ouviu 2.077 pessoas em 130 municípios do país, em amostra representativa do perfil da população. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
As entrevistas ocorreram nos dias 18 e 19 de dezembro, cerca de um mês após o governo de Cuba anunciar o fim da participação do país no programa Mais Médicos, criado há cinco anos.
A decisão cubana de deixar o programa foi atribuída a críticas do então presidente eleito, Jair Bolsonaro, sobre a qualidade de formação dos médicos estrangeiros e a ausência da exigência de revalidação do diploma para atuarem no Brasil.
Até então, cerca de 8.500 médicos cubanos atuavam no programa -o equivalente a metade do total de profissionais em atividade no Mais Médicos.
O anúncio da saída trouxe preocupação a secretários de saúde e à parcela da população, para quem a demora na substituição dos profissionais pode trazer quadro de desassistência.
A decisão, no entanto, também foi apoiada por outros segmentos. Dados dessa pesquisa Datafolha dão pistas sobre eesse cenário.
Segundo o levantamento, a avaliação pessimista dos impactos à saúde pública com a saída dos estrangeiros é maior entre os mais jovens e entre os moradores do Nordeste, região que até então tinha maior proporção desses profissionais.
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Neste último caso, o índice daqueles que apontam que o atendimento em saúde pública pode piorar após a saída dos cubanos chega a 56%, contra 33% com percepção otimista.
Já a expectativa de melhora cresce entre pessoas com 60 anos ou mais e moradores das regiões Centro-Oeste e Norte.
A avaliação dos impactos entre moradores dessas duas últimas regiões, porém, está tecnicamente empatada: ao mesmo tempo em que 45% têm percepção positiva, 43% avaliam que a situação da saúde pode piorar com a saída dos médicos estrangeiros. A percepção também muda conforme a preferência partidária.
Ao todo, 70% daqueles que apontam o PT como partido de preferência -cuja gestão, com Dilma Rousseff, foi responsável pela criação do Mais Médicos- avaliam que o atendimento na saúde deve piorar com o fim da participação dos cubanos no programa.
O percentual cai para 26% entre aqueles que apontam o PSL como preferência, partido de Bolsonaro.
Padrão semelhante aos resultados da preferência partidária é observado entre aqueles que declararam voto em Fernando Haddad e Bolsonaro nas últimas eleições.
Entre eleitores do petista, a taxa de pessimismo sobre como ficará o atendimento em saúde sem os cubanos chega a 76%. O mesmo índice entre eleitores de Bolsonaro é de 32%.
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CONHECIMENTO E ACESSO
Além dos impactos da saída dos estrangeiros, a pesquisa também questionou o grau de conhecimento dos brasileiros sobre o programa e a proximidade de acesso.
Ao todo, 85% dos entrevistados afirmaram conhecer ou já terem ouvido falar do programa, estratégia do Ministério da Saúde para levar médicos ao interior.
Questionados, quatro em cada dez dizem que já foram atendidos ou tiveram algum familiar próximo atendido por médicos estrangeiros do Mais Médicos.
O índice aumenta entre moradores de cidades com menos de 200 mil habitantes, que vivem nas regiões Centro-Oeste e Norte e entre aqueles de menor renda.
Desde o fim de novembro, no entanto, o governo tem enfrentado dificuldades para preencher todas as vagas abertas com a saída dos profissionais.
Inicialmente, a pasta lançou um edital emergencial com 8.517 vagas para serem preenchidas até 7 de dezembro -deste total, cerca de 98% tiveram médicos inscritos.
A ampla procura pelas vagas, porém, acabou por esbarrar em casos de desistência ou em troca de funções na rede, caso de médicos que já atuavam em unidades de saúde e decidiram migrar para o programa, deixando outras vagas abertas.
Balanço do Conasems (Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde) aponta que ao menos 2.800 médicos inscritos no Mais Médicos já estavam no programa Saúde da Família. Com isso, alguns municípios apenas substituíram os postos que tinham vagas abertas. Outros perderam profissionais.
Há ainda outros impasses. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 30% dos médicos inscritos no edital emergencial deixaram de se apresentar aos gestores para iniciar as atividades dentro do prazo, encerrado em 14 de dezembro.
Com a ausência, a pasta acabou por lançar um novo edital para médicos brasileiros com 2.549 vagas -destas, 67% tiveram médicos inscritos.
Agora, o governo tem ainda o desafio de ocupar 842 vagas, número que pode aumentar caso os profissionais inscritos no último edital não se apresentem aos postos. As inscrições serão voltadas a médicos brasileiros e estrangeiros formados no exterior.
Para Mauro Junqueira, presidente do Conasems, embora as etapas estejam sendo cumpridas, a situação ainda preocupa. "Esperávamos uma adesão maior", afirma. Com informações da Folhapress.
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