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Após incêndio em ocupação, sem-teto pedem casas populares

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) ocupam desde a última sexta-feira uma área abandonada em Santa Luzia, São Gonçalo, região metropolitana do Rio Tânia Rêgo/Agência Brasil

Após incêndio em ocupação, sem-teto pedem casas populares
Notícias ao Minuto Brasil

16:58 - 03/11/14 por Agência Brasil

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Pedreiro desempregado, Arino Cândido Ferreira, 62 anos, chegou hoje (3) na ocupação Zumbi dos Palmares, no município de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio. Há 30 anos, ele vive de favor em um terreno próximo e está em busca de “um cantinho” para morar tranquilamente. Com dificuldade de pagar aluguel, sem emprego fixo e vivendo em habitações precárias, Arino é uma das cerca de 300 pessoas do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) que, desde sexta-feira (31), ocupam uma área abandonada, próxima a uma antiga fábrica de plástico. O terreno estava vazio e até então servia para o depósito de entulho e desmonte de veículos.

Os moradores da Zumbi dos Palmares alegam que o aluguel na região subiu muito com a instalação do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), no município vizinho, e com a chegada de obras viárias, o que, na prática, tem empurrado as pessoas para moradias precárias. “O Comperj provoca um desenvolvimento desigual na região. [Os moradores] não ganham com empregos [porque não têm qualificação], o que seria positivo, e sofrem com a especulação imobiliária, que gera aumento expressivo do aluguel”, explica a professora Eblin Farage, coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Favelas e Espaços Populares da Universidade Federal Fluminense (UFF), que acompanha a situação.

Com a ocupação, o MTST busca convencer os governos a destinar o terreno para habitações do Minha Casa, Minha Vida. Uma das modalidades do programa prevê o financiamento de projetos apresentados por organizações da sociedade civil, que podem acompanhar a obra e empregar trabalhadores do próprio movimento, na construção. “Essa área tem total condição de ser desapropriada para construção de habitação popular. Isso vai ser uma escolha política dos governos para garantia de direitos”, disse Vitor Guimarães, da coordenação do MTST.

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) ocupam desde a última sexta-feira uma área abandonada em Santa Luzia, São Gonçalo, região metropolitana do Rio Tânia Rêgo/Agência Brasil

As famílias que estão na ocupação e as que chegam cotidianamente sonham com o projeto. “Mesmo com a minha idade, de 62 anos nas costas, sem grande leitura, estou pronto para trabalhar, não importa se é plantar ou construir. Não tenho grande leitura, mas minhas mãos estão calejadas [de trabalho], vou vivendo, quero progredir, então, se eu puder arrumar um cantinho para mim e para quem eu puder ajudar, estou agradecendo muito”, disse Arino Cândido. Ele tenta também conseguir um barraco para uma vizinha, que mora sozinha, em uma casa simples, com dois filhos pequenos. “Ela não tem nada, nem fogão, usa tudo meu”, contou.

Construindo barracos de lona na Zumbi de Palmares, terreno onde não há luz elétrica ou água encanada, Maíra Dias da Conceição, 25 anos, também quer mudar de vida. “Não tenho onde morar. Moro de favor na casa da minha mãe e preciso de um canto para criar meus filhos, ter minha casinha. Por isso eu vim para cá, nessa luta, para ter meu barraco”, disse. Ela tem dois filhos, uma menina de 6 anos e um menino de 2, que passam o dia na ocupação.

Os moradores contam que, durante o domingo (2), o local foi alvo de um incêndio durante a noite. Eles acreditam que tenha sido uma tentativa de expulsá-los de lá. Eles também dizem que a Polícia Militar esteve no local, durante o fim de semana, com o suposto proprietário do terreno. Sem a posse confirmada pelo cartório da região, o MTST quer que a prefeitura agilize a documentação do terreno.

O subsecretário de Ordenamento Urbano da prefeitura de São Gonçalo, Alex Poubel, esteve na ocupação hoje, pela primeira vez, e prometeu diálogo direto com os moradores para atender às reivindicações por moradia adequada. “Vamos ajudar”, informou.

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