Família se nega a sepultar jovem acreditando que ela ressuscitaria
Polícia foi acionada para resolver confusão, na cidade de Delmiro Gouveia
© Reuters
Brasil Alagoas
Uma situação no mínimo inusitada movimentou a cidade de Delmiro Gouveia, no sertão de Alagoas, neste sábado (5). A polícia precisou agir para convencer a família de Jéssica Lima a sepultá-la.
A jovem morreu na quinta-feira (3), vítima de uma infecção generalizada, enquanto estava internada no hospital de um município próximo - Palmeira dos Índios -, após passar mal e sofrer várias paradas cardíacas. Ela deu entrada na unidade de saúde no dia 23 de dezembro.
O impasse teve início durante o velório de Jéssica, que acontecia na casa dos pais dela. De acordo com informações do portal Uol, uma tia evangélica fez uma série de orações e informou que a jovem ressuscitaria às 7h de hoje.
Depois disso, o que não faltou foi esperança. E relatos de pessoas que juravam ter visto o corpo, já no caixão, se movimentar. Houve também quem garantisse que a temperatura do cadáver estava voltando ao normal e que os músculos não estavam tão rígidos.
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Familiares de Jéssica, então, decidiram colocar o corpo sobre a cama de um dos quartos. Na porta da residência, dezenas de curiosos à espera do grande acontecimento. Foi preciso acionar a polícia que tentou, sem sucesso, convencer os pais da jovem a levá-las ao hospital. O objetivo era fazê-los ouvir, novamente, a confirmação do óbito.
Sem acordo, o jeito foi levar o profissional de saúde à residência. "A família disse que não deixaria levarmos o corpo para o hospital para ser examinado, mas convencemos os pais da falecida a deixar um médico examinar o corpo. Trouxemos o médico e ele reforçou o atestado de óbito", conta o delegado Daniel Mayer.
A missão foi dada ao médico Petrúcio Bandeira. "Depois de muito conversar, tive acesso ao corpo e fiz umas manobras para identificar se a paciente foi a óbito, como analisar a dilatação das pupilas, a temperatura do corpo, que estava gelado, apesar de ainda não apresentar rigidez nas articulações", detalhou o médico. "Não havia movimento toráxico, não tinha batimento cardíaco e esse conjunto aponta que o paciente está em óbito. A parte religiosa não discuto, mas não há como contestar que ali se tratava de um cadáver", completou.
Apesar de contrariada, a família realizou o sepultamento de Jéssica, às 17h (horário local). Mas segue acreditando na ressurreição e faz uma vigília no cemitério municipal de Delmiro Gouveia. Os pais da jovem não quiseram falar.