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Vale diz não saber por que sirenes não funcionaram em Brumadinho

Além disso, a empresa não sabe ao certo quantos de seus funcionários estavam no refeitório em Brumadinho engolido pela lama

Vale diz não saber por que sirenes não funcionaram em Brumadinho
Notícias ao Minuto Brasil

12:32 - 05/02/19 por Folhapress

Brasil Investigação

Onze dias após o rompimento da barragem na mina do Córrego do Feijão, que matou pelo menos 134 pessoas e deixou 199 desaparecidos em Brumadinho (MG) no último dia 25, a Vale ainda não sabe responder por que as sirenes que deviam alertar para o desastre não foram acionadas e não diz quem eram os responsáveis, na empresa, pela implementação do plano de emergência no caso de desastre.

Além disso, a empresa não sabe ao certo quantos de seus funcionários estavam no refeitório em Brumadinho engolido pela lama.

+ Com tempo firme, buscas por vítimas em Brumadinho são retomadas

A Vale tampouco responde sobre atividades econômicas em barragens descomissionadas, como a apuração de minério a partir dos rejeitos para produzir BRBF, um composto de ferro exportado sobretudo para a Ásia.

+ Tudo sobre a tragédia em Brumadinho

A empresa afirma que a apuração do ocorrido é sua prioridade, ressalta a formação de uma comissão independente de investigação e afirma que os R$ 100 mil disponibilizados às famílias atingidas não se tratam de indenização, mas de auxílio. A indenização deve ser decidida em acordo extrajudicial, conforme anunciado pelo diretor-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, após reunião com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

A Folha reitera pedidos de entrevista a Schvartsman desde o dia do desastre, mas sua assessoria alega falta de espaço na agenda, que vem priorizando a atenção aos danos causados pela barragem. O executivo, até agora, deu apenas entrevista coletiva. 

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Vale respondeu a parte das dúvidas da reportagem. Algumas das respostas enviadas por email, contudo, contradizem informações apuradas pela Folha –as respectivas reportagens a respeito dos temas questionados podem ser lidas nos links. Por que o refeitório de funcionários e a sede foram construídos em um local que o plano de emergência apontava como rota da lama?

Em nota de esclarecimento, a Vale informa que todas as suas barragens possuem um Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM), conforme estabelece a legislação brasileira. Esse plano é construído com base em estudos técnicos de cenários hipotéticos para o caso de um rompimento. O PAEBM prevê qual será a mancha de inundação e também a zona de autossalvamento.

Conforme determina a portaria DNPM 70.389/2017, o PAEBM da Barragem I da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, foi protocolado na Prefeitura de Brumadinho e Defesas Civis Municipal, Estadual e Federal em julho, agosto e setembro de 2018. A estrutura possuía todas as declarações de estabilidade aplicáveis e passava por constantes auditorias externas e independentes. Havia inspeções quinzenais, reportadas à Agência Nacional de Mineração, sendo a última datada de 21/12/2018. A estrutura passou também por inspeções nos dias 8 e 22 de janeiro deste ano, com registro no sistema de monitoramento da Vale.

Toda essa documentação sempre esteve e continua à disposição das autoridades. A Barragem I possuía sistema de videomonitoramento, sistema de alerta através de sirenes e cadastramento da população à jusante. Também foi realizado o simulado externo de emergência em 16 de junho de 2018, sob coordenação das Defesas Civis e com o apoio da Vale, e o treinamento interno com os funcionários em 23 de outubro de 2018.

Por que não foram mudados de lugar, mesmo que o pior cenário previsse o engolfamento do local em um minuto?

Ver nota de esclarecimento acima.

Por que as sirenes não detectaram a ruptura da barragem antes de serem engolfadas pela lama?

Ainda estamos apurando as causas que impediram o apropriado acionamento do sistema de sirenes.Quantas pessoas estavam no refeitório no momento que ele foi atingido pela lama?Forneceremos as informações assim que possível.

Por que o prefeito de Brumadinho afirma que desconhecia o plano de emergência?

Foi realizado o simulado externo de emergência em 16 de junho de 2018, sob coordenação das Defesas Civis e com o apoio da Vale, e o treinamento interno com os funcionários em 23 de outubro de 2018.

Por que, segundo moradores e vídeos de logo antes da ruptura, havia movimento de caminhões na região da barragem nas últimas semanas?

A estrutura possuía todas as declarações de estabilidade aplicáveis e passava por constantes auditorias externas e independentes. Havia inspeções quinzenais, reportadas à Agência Nacional de Mineração, sendo a última datada de 21/12/2018. A estrutura passou também por inspeções nos dias 8 e 22 de janeiro deste ano, com registro no sistema de monitoramento da Vale.

Os funcionários e moradores foram devidamente informados sobre riscos?

Foi realizado o simulado externo de emergência em 16 de junho de 2018, sob coordenação das Defesas Civis e com o apoio da Vale, e o treinamento interno com os funcionários em 23 de outubro de 2018.

Por que as vistorias não detectaram, segundo a Vale, problemas nas barragens?

A estrutura possuía todas as declarações de estabilidade aplicáveis e passava por constantes auditorias externas e independentes. Havia inspeções quinzenais, reportadas à Agência Nacional de Mineração, sendo a última datada de 21/12/2018. A estrutura passou também por inspeções nos dias 8 e 22 de janeiro deste ano, com registro no sistema de monitoramento da Vale.

As investigações sobre a causa do rompimento da Barragem 1 ainda estão e andamento. A Vale criou um comitê independente de apuração, coordenado pela ex-ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie, que contará também com o apoio do escritório de advocacia Skadden, Arps, Slate, Meagher e Flom LLP. O Skadden irá instruir um painel de peritos para que forneça sua opinião e expertise profissional independente com objetivo de determinar a causa do incidente.

A contratação do Skadden, bem como a criação pelo Conselho de Administração do Comitê Independente de Assessoramento Extraordinário de Apuração, auxiliará a Vale, de forma independente, na apuração das causas do rompimento da Barragem I da Mina Córrego de Feijão, em Brumadinho.

Por que a barragem não havia sido descomissionada ainda?

A Vale recebeu autorização para descomissionamento da barragem e o projeto estava em desenvolvimento.

Por que o plano aponta rotas de fuga que podiam ser obstruídas pela lama?

(Não respondida)

Qual o acordo que a Vale busca fazer com os atingidos?

O diretor-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, se reuniu na tarde de 31/01 com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em Brasília, para propor o pagamento de indenizações extrajudiciais às vítimas e familiares dos atingidos pelo rompimento da Barragem 1, da Mina de Córrego do Feijão, ocorrido na tarde do último dia 25. "Nossa proposta é acelerar o máximo possível o processo de indenização àqueles que foram atingidos pelo desastre", afirmou o presidente da Vale.

Segundo Schvartsman, as indenizações serão pagas assim que for feito o acordo extrajudicial com as autoridades de Minas Gerais, responsáveis pelo caso. "Estamos preparados para abdicar de ações judiciais, buscando dar maior celeridade possível a um acordo com as autoridades de Minas Gerais, permitindo que a Vale comece, imediatamente, a fazer frente a esse processo indenizatório", disse.

O cálculo de R$ 100 mil para famílias de mortos e desaparecidos prevê cobrir o quê ?

Trata-se de uma ajuda doação, não tem nada a ver com indenizações. Segue declaração do diretor de Finanças e Relações com Investidores, Luciano Siani Pires, em coletiva no último dia 28 de janeiro, sobre o assunto. "(A doação) é para minorar essa incerteza de curto prazo, ao ganha-pão das famílias, muitos chefes de família foram vitimados na tragédia, a Vale vai fazer uma doação a todas as famílias que perderam entes queridos. É uma doação não tem nada a ver com indenização de 100 mil reais imediata para cada família que perdeu um ente querido. Isso não tem nada a ver com indenização, que nós sabemos são valores muito maiores, que, obviamente, precisam ser conversadas com as famílias, com as autoridades, com o ministério público. Mas é apenas para que essa incerteza de curto prazo com relação ao sustento dessas famílias seja aliviada."

A Vale manterá alguma atividade econômica nas barragens descomissionadas, como a busca de minérios para usar no BRBF?

A Vale apresentou a autoridades brasileiras seu plano para descomissionar todas as suas barragens construídas pelo método de alteamento a montante. O plano apresentado visa descaracterizar as estruturas como barragens de rejeitos para reintegrá-las ao meio ambiente. A Vale estima que serão necessários investimentos em torno de R$ 5 bilhões para o descomissionamento das barragens a montante e estima que o processo de descomissionamento ocorrerá ao longo dos próximos três anos.

No que a Vale falhou para que esse desastre fosse mais letal que o de Mariana ?

A Vale ressalta, de forma enfática, que a apuração dos fatos é o foco da sua diretoria, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas, e que está e permanecerá contribuindo com todas as investigações conduzidas pelas autoridades competentes. A Vale criou um comitê independente de apuração, coordenado pela ex-ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie, que contará também com o apoio do escritório de advocacia Skadden, Arps, Slate, Meagher e Flom LLP. O Skadden irá instruir um painel de peritos para que forneça sua opinião e expertise profissional independente com objetivo de determinar a causa do incidente.

Quem era responsável pelo cumprimento do plano de emergência?(Não respondida). Com informações da Folhapress.

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