Chuva forte alaga ruas do Rio e encerra blocos
Chuva também deve atrapalhar o desfile do Grupo Especial das escolas de samba do Rio
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Brasil Carnaval
LUÍS COSTA, ANA LUIZA ALBUQUERQUE E SÉRGIO RANGEL, RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A forte chuva do início da noite de domingo (3) antecipou o encerramento dos blocos no Rio de Janeiro. Às 17h40, a prefeitura decretou estágio de atenção por causa do temporal, que alagou ruas de diversos bairros.
Segundo a RioTur, 662 mil pessoas participaram dos desfiles dos blocos no domingo.
O Simpatia é Quase Amor terminou o cortejo às 18h, duas horas antes do horário previsto, quando a chuva se intensificou na praia de Ipanema, zona sul do Rio.
O bloco Cachorro Cansado também foi prejudicado. O grupo cancelou o desfile no Flamengo.
A chuva deve atrapalhar o desfile do Grupo Especial das escolas de samba do Rio. A previsão para as próximas horas é de chuva forte, possivelmente acompanhada de raios e rajadas de vento.
Na sexta (1º), o sambódromo ficou alagado e o desfile das escolas do grupo de acesso atrasou quase uma hora.De acordo com a empresa de turismo da Prefeitura do Rio, o Areia foi o bloco com maior números de foliões no domingo de Carnaval.
O bloco levou 326 mil pessoas à praia do Leblon, na zona sul do Rio, segundo a RioTur. Desde cedo, os foliões aproveitaram o domingo nos blocos. O Boitolo começou às 7h no centro do Rio. Lá, o Laranja foi o novo preto. Pelo menos para parte dos sambistas.
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As fantasias faziam referência a Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL) apontado pela oposição como seu laranja. Queiroz é investigado pelo Ministério Público após o Coaf identificar movimentações atípicas em sua conta -inclusive repasses oriundos de outros funcionários de Flávio na Alerj.
Orlando Correia, 57, todo vestido de laranja, decidiu fantasiar-se de Queiroz neste Carnaval. Carregando "micheques", em referência ao dinheiro repassado pelo ex-assessor para a primeira-dama Michelle Bolsonaro, Orlando diz acreditar que é a cara de Queiroz.
"Me disseram que eu era os córneos do Queiroz, então vou aproveitar", afirma. "Principalmente quando faço essa cara de babaca", completa, sorrindo e encurtando o pescoço.
O artista plástico Marcelo Oliveira, 48, e a atriz Fernanda Maia, 40, reproduziram em papelão um caixa eletrônico da Alerj, onde a maior parte das transações de Queiroz foi realizada. "Carnaval é um ato político, sobretudo. Não tem maior ocupação política do que essa", afirma Fernanda.
No Aterro do Flamengo, o Toco-Xona também arrastou uma multidão.Fundado em 2007, o grupo, segundo suas organizadoras, é "o primeiro bloco LGBTQI+ criado pela força da mulher sapatona".
"As pessoas têm o olhar de querer ridicularizar o próximo, mas a gente não se sente ridicularizada de ser chamada de sapatona", diz Bruna Capistrano, umas das idealizadoras do bloco. "A gente brinca com essa palavra por causa disso. Somos sapatonas, sim, lésbicas, sapataria."
Segundo Bruna, mais do que um bloco de mulheres lésbicas, o Toco-Xona é um bloco de mulheres. No repertório, Rihanna, Pabllo Vittar, Cazuza, Marina Lima, Nirvana, Freddie Mercury e Madonna.
Toco-Xona é uma brincadeira com a ideia de que, se uma pessoa toma um "toco" de outra, logo se apaixona. Entre uma música e outro de um repertório principalmente pop, cantoras do bloco puxavam gritos de guerra contra machismo, misoginia e feminicídio.
Para a estudante de teatro Bia Navarro, 21, o bloco é uma forma de resistência. "A gente teve um ano muito turbulento por causa das eleições", diz a estudante, que é bissexual. "Quiseram calar a gente, mas você vê que aqui não tem ninguém calado." "Arte é militância", completa ao lado a amiga Luiza Mauad, 22, estudante de design.
De tarde, foliões tomaram a praça Tiradentes, no centro do Rio, para brincar Carnaval ao som de rock. Os blocos Exagerado e Toca Rauuul celebram o legado de Cazuza e Raul Seixas, respectivamente. Com informações da Folhapress.