Duramente criticado, Ministro da Educação discute com jovens no Pará
Abraham Weintraub decidiu discutir com paraenses após ouvir críticas à sua pasta
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Brasil Abraham Weintraub
ALTER DO CHÃO, PA (FOLHAPRESS) - O ministro Abraham Weintraub (Educação) se envolveu em uma discussão com ativistas em Alter do Chão (PA), onde passa alguns dias com a família.
O ministro foi abordado por ativistas do Engajamundo, uma rede de jovens organizados pelo Brasil. O grupo entregou a ele uma kafta, referência irônica ao episódio no qual ele errou a pronúncia do sobrenome do celebrado escritor Franz Kafka, chamando-o pelo nome da iguaria árabe.
Weintraub reagiu. Pegou o microfone de músicos que faziam uma apresentação no local e disse que estava de férias com a família. Depois, disparou críticas contra o PT.
O ministro chegou a pegar a filha no colo para devolver a hostilidade dos ativistas. "Aqui ó, corajoso", gritava, apontando para a menina em seus braços.
O ativista, um indígena, respondeu: "Eu também tenho filhos". O ministro retrucou dizendo que não ia "à sua casa, enquanto você está comendo", mas foi interrompido. "Você está na minha casa." Weintraub, então, afirmou que "não é porque você está com um cocar que você é mais brasileiro do que eu, seu babaca".
Um jovem que acompanhou a situação reforçou a crítica ao ministro: "Qualquer defeito que é apontado neste governo, eles mudam de assunto e começam a falar de PT. O partido nem está mais no poder e eles não tem argumento e nem estrutura para desfazer a imagem negativa que estão criando deles mesmo. Triste! Votei no Bolsonaro apostando na mudança e agora é tudo mais do mesmo, só que piorado", disse Jhonata Lopez.
O ministro foi convencido pela família a sair e deixa o local aos gritos de "fazendo balbúrdia" e "fascista".
BALBÚRDIA
Em abril, o ministro causou polêmica ao afirmar que o MEC cortaria verbas de três universidades federais com base em princípios ideológicos.
O bloqueio de 30% seria praticado para a UnB, Ufba e UFF. O ministro indicou, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, que se tratava de uma retaliação a atividades políticas ocorridas dentro dessas unidades, o que ele havia chamado de "balbúrdia", e ao que considerou como fraco rendimento acadêmico.
"A universidade deve estar com sobra de dinheiro para fazer bagunça e evento ridículo", disse ele, dando como exemplo de bagunça a presença de sem-terra e gente pelada dentro do campus. "A lição de casa precisa estar feita: publicação científica, avaliações em dia, estar bem no ranking", completou.
Apesar de alegar que essas federais teriam fracos resultados acadêmicos, essa afirmação não é confirmada pelos indicadores.
As três federais ficaram entre as 20 melhores universidades do país na última edição do RUF (Ranking Universitário Folha). Segundo a plataforma de produção acadêmica Web of Science, as três estão entre as 11 instituições brasileiras que mais ampliaram o número de artigos de 2008 a 2017.
Após uma onda de críticas, o governo Jair Bolsonaro (PSL) resolveu estender o bloqueio de 30% dos recursos a todas as universidades federais.