Thelma diz que torce por maior representatividade no BBB e fala em quebrar estereótipos
Nascida em São Paulo, Thelminha –apelido pelo qual é conhecida entre amigos– viu sua vida transformar-se completamente após vencer a 20ª edição do reality da Globo, que lhe garantiu o maior prêmio de R$ 1,5 milhão
© Reprodução / TV Globo
Fama BBB-21
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Há um ano, Thelma Assis, 36, estava confinada em um quarto de hotel, com um empréstimo feito no banco e ansiosa para iniciar um dos maiores sonhos de sua vida: participar do Big Brother Brasil. A médica estava prestes a entrar em uma emocionante montanha-russa, como ela mesma descreve, e viver um dos três principais momentos de sua vida, junto aos dias de sua formatura e de casamento.
Nascida em São Paulo, Thelminha –apelido pelo qual é conhecida entre amigos– viu sua vida transformar-se completamente após vencer a 20ª edição do reality da Globo, que lhe garantiu o maior prêmio de R$ 1,5 milhão. Além do dinheiro, ela foi designada para apresentar um quadro no programa É de Casa (Globo) aos sábados, lançou seu próprio programa de entrevistas no YouTube, o Triangulando, e virou garota-propaganda de marcas de beleza e até da Prefeitura de São Paulo.
"Do ponto de vista de milionária, é muito bom poder deitar a cabeça no travesseiro e ficar tranquila em relação ao dinheiro. Mas, na prática, minha vida continua muito parecida com o que era antes. Eu continuo morando no mesmo lugar, tendo as mesmas ideias e sendo muito 'pé no chão'", diz a médica em entrevista ao F5.
Ela conta que atualmente investe o dinheiro do prêmio para poder, após alguns meses, realizar outro sonho: comprar um imóvel próprio. "Para quem já viveu com R$ 300 por mês, como eu já vivi, quando se tem R$ 1,5 milhão, não quer que acabe. Sempre me planejo muito em relação aos meus sonhos, e o financeiro não podia ser diferente", diz.
Um ano após a entrada no reality, e a poucos dias da estreia do BBB 21, Thelma sente-se novamente ansiosa, mas desta vez para assistir ao programa sob outra perspectiva, de saudosismo e mais empatia pelos novos participantes. Antes de conhecer os nomes, ela já torcia pela entrada de um participante da comunidade LGBTQI+ e uma maior representatividade.
O desejo da última campeã já foi em parte realizado, já que entre os 20 competidores anunciados na última terça-feira (19), nove são negros, um número recorde para o reality, que tem tudo para ser um BBBlack neste ano.
"Como mulher negra, digo que essa comunidade tem opressões que acabam muitas vezes se interseccionando com as nossas", diz. "Torço por ver mais mulheres negras ou da comunidade LGBTQI mostrando seu poder, porque o público acaba transportando isso para fora do reality e criando a esperança de uma sociedade mais justa e igual. Que continuemos quebrando os padrões e estereótipos, e levantando bandeiras, mudando um pouco essa sociedade tão machista e preconceituosa que temos".
Como prova desse preconceito, a médica precisou ir a uma delegacia de São Paulo, nesta semana, para denunciar ataques racistas que vem sofrendo pelas redes sociais. "Eu sempre disse que internet não era terra de ninguém. Grande dia. Fogo nos racistas", afirmou ela, que tem sofrido injúrias raciais desde que deixou o reality e já chegou a dizer que sofreu preconceito até dentro do programa.
Única mulher negra da 20ª edição, Thelma protagonizou a única prova de resistência da temporada, que durou mais de 26 horas, momento que ela define como o mais emocionante dentro do programa. Foi nesta prova, diz Thelma, que ela deixou de ser subestimada e mostrou seu potencial.
"Eu não via a hora de ter uma prova de resistência no reality, porque foi o momento que eu escolhi para mostrar minha força.
Já passei por diversos momentos da vida que me exigiram força física e mental, que é justamente o que se precisa em uma prova de resistência. Só sairia desta prova desmaiada", lembra.
Com essa trajetória, ela conquistou a torcida de famosos como Anitta, Ludmilla, Bruno Gagliasso, Taís Araújo e Preta Gil –com esses três últimos, a paulista chegou a criar uma amizade à distância após o programa. Desta forma, com 44,1% dos votos, ela foi a única participante "anônima" (do grupo Pipoca) a chegar ao pódio da edição, ao lado das influenciadoras digitais Rafa Kalimann e Manu Gavassi.
As três finalistas, por sinal, mantiveram a amizade criada no programa. A campeã diz que troca mensagens quase diariamente com as duas amigas, com quem divide suas inseguranças desse "novo mundo de mídia".
"Às vezes parece que já faz mais de um ano [que venci o BBB], de tanta coisa que vivi. Mas parando para pensar, foi tudo muito rápido", conta a médica, que "maratonou" a sua edição em casa, durante a quarentena, enquanto unia seu trabalho ao de seu marido e "braço direito" na comunicação com a imprensa, o fotógrafo Denis Santos.
"De repente, me vi em capas de grandes revistas, dando entrevistas para grandes mídias, representando grandes marcas e fazendo apresentações ao lado de pessoas que admiro, como a Maju Coutinho. Foi um ano de superação de todas as minhas expectativas."
Thelminha também avalia que o confinamento do reality foi muito mais penoso do que o que vive hoje com a pandemia, pois nele não há a possibilidade de falar com amigos e parentes, mesmo que por videochamada. Por causa do sofrimento da família durante a sua participação, especialmente da mãe –que ganhou olheiras e perdeu peso neste período–, ela diz que dificilmente participaria novamente de um reality como esse.
"Mas se o Boninho me chamasse para uma festa, com certeza iria", brinca. "As festas são o que o BBB tem de melhor; são sinal de bandeira branca, pelo menos para mim."
A médica garante que tudo o que fez na 20ª edição do Big Brother Brasil foi de forma genuína, e que o clichê "ser você mesmo" foi a sua receita para a vitória. Para ela, é muito mais fácil ser julgado pelo que se é, do que pelo que se finge ser. "Ter inteligência emocional, saber e se agarrar a quem você é e saber a hora certa de se posicionar. É esse o segredo. Sou muito impulsiva e podia ter explodido um milhão de vezes lá, mas temos que escolher as nossas batalhas e dar chances às pessoas, apesar do processo de julgamento diário que parte de nós e dos outros", conclui.