Gil do Vigor tem torcida de economistas para não rodar no paredão do BBB 21
O eliminado será anunciado no programa desta terça (5)
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Fama GILBERTO-NOGUEIRA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Um participante do Big Brother Brasil mobilizou uma torcida inusitada neste ano: os economistas.
Doutorando em economia na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), Gilberto Nogueira -apelidado de "Gil do Vigor"- ganhou apoio, por exemplo, de Felipe Salto, diretor-executivo da IFI (Instituição Fiscal Independente). Pedro Menezes, fundador do Mercado Popular, fez uma thread defendendo que o brother está aplicando Teoria dos Jogos como estratégia.
Gil está no paredão desta semana, junto com Rodolffo e Caio.
O eliminado será anunciado no programa desta terça (5).
Quando não está debatendo votos e estratégias com os outros competidores, Gil fala de economia. No fim de fevereiro, por exemplo, ele explicou a relação entre inflação e desemprego em uma roda de conversa.
Além de falar sobre inflação, Gil já explicou no programa sobre a dinâmica das fake news na política e comentou sobre como usa a Teoria dos Jogos em sua pesquisa.
"A matemática me pulsa nas veias. Minha área de pesquisa é a parte teórica, eu crio modelos matemáticos. É um sistema de equações com significados, por exemplo, a efetividade da ação da polícia, a violência que o traficante utiliza para tentar impedir que a polícia tenha sucesso na repressão", disse aos brothers.
"Pego as variáveis e começo a dizer qual é o preço, por exemplo, que um traficante vai cobrar pela droga. Faço as contas, chego em um preço e vejo o nível de violência escolhido para continuar nesse mercado", afirma. "Como o traficante responde quando o estado decide aumentar o investimento em repressão? É Teoria dos jogos que se chama isso".
A explicação foi elogiada pela economista Laura Carvalho, professora da USP (Universidade de São Paulo). "Esse vídeo mostra o desafio e a delícia que é comunicar teoria econômica pra não economistas. Pra mim foi um caminho sem volta. Arrasou, Gil!", escreveu.
Se depender da expectativa do professor Rafael Costa Lima, que o orienta na UFPE desde o mestrado, ele seguirá a carreira acadêmica internacional em vez de se tornar celebridade.
"Quando ele entrou no programa, fiquei com receio de ele abandonar a vida acadêmica. Na academia, a gente tem poucas pessoas com uma trajetória como a dele, de origem realmente humilde, negra, com as oportunidades que ele tem. Isso tem importância para quem está ingressando na profissão e para a própria profissão é importante ter gente de backgrounds diferentes", afirma.
Costa Lima define Gil como um economista entusiasmado e ambicioso com a pesquisa acadêmica. Ele diz que antes de ingressar no programa, Gil havia prestado concurso para diversas universidades internacionais e deixou uma lista com suas preferências.
"Ele tinha esse sonho de fazer um PhD. Antes de entrar no programa, ele deixou uma lista de prioridades desse processo e a UC Davis era a que ele mais queria. No exterior, se ele quiser, poderá mudar o projeto", disse.
Gil foi aprovado em duas universidades nos Estados Unidos –um na UC Davis, no estado americano da Califórnia, e outro na Southern Methodist University, em Dallas. A escolha sobre onde vai estudar deve ser feita quando ele deixar a casa.
Costa Lima conheceu Gil quando foi trocar seu plano de saúde na reitoria. Ele era estudante da graduação e trabalhava no setor administrativo.
Embora acredite que as definições de pensamento ortodoxo e desenvolvimentista estejam cada vez mais em desuso nas discussões da academia fora do Brasil, Costa Lima define a pesquisa de Gil como ortodoxa.
"O trabalho de Gil sobre o mercado de drogas na academia é ortodoxo em relação ao método de pesquisa. Trabalhamos esse tema no mestrado e, agora, no doutorado, há uma tentativa de publicar e dialogar com o mainstream da academia", afirma.
O orientador explica que na pesquisa o mercado de drogas é tratado como uma empresa. "No Brasil, uma parcela significativa do processo de violência está ligado às drogas. A gente precisa entender melhor como essa empresa ilegal funciona para lidar melhor com ela. O objetivo é propor soluções", afirma o orientador.
"É um trabalho em andamento. Os modelos tradicionais da academia não são amplos o suficiente para lidar com especificidades desse mercado, que é ilegal. Também abordamos o uso da violência como parte do negócio, o que não existe em outras empresas".
Natural de Jaboatão dos Guararapes e criado em Paulista, municípios de Pernambuco, Gil pesquisou durante a graduação, também na UFPE, o perfil de renda nos municípios de Pernambuco entre 1999 e 2012.
No mestrado, ele modelou a relação entre a violência da repressão policial às consequências negativas para a sociedade geradas pelos mercados de drogas.
Na literatura econômica, modelagem é o desenvolvimento de uma representação abstrata em uma situação real. O trabalho aponta as diferenças da efetividade na repressão da polícia tanto em relação ao mercado varejista, quando há repressão ao traficante, quanto ao atacadista, quando há combate ao crime organizado.
No vídeo de apresentação do programa de TV, Gil conta ao portal Gshow que "vem de uma família humilde" e sempre estudou em escolas públicas.
"É engraçado que sou acadêmico, faço doutorado e tudo, mas eu sou do povão", disse.
Por causa da pesquisa sobre drogas, Gil foi aprovado, em 2019, para participar do Fórum Ridge (Research Institute for Development, Growth and Economics), Instituto de Pesquisa para Desenvolvimento, Crescimento e Economia, em tradução livre, na cidade de Medellín, na Colômbia.
No currículo do participante na plataforma Lattes constam ainda menções honrosas em Olimpíadas de Matemática, realizadas em 2005 e 2007, cursos na área estatística, além de monitorias em microeconomia.