Sérgio Reis defende manifestantes bolsonaristas
O cantor também defende os manifestantes bolsonaristas que até hoje não aceitam os resultado das eleições -parte dos quais foi acusada de atear fogo em carros em Brasília, no final do ano passado.
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Fama SÉRGIO-REIS
(FOLHAPRESS) - O cantor Sérgio Reis, 82, comemora 65 anos de carreira com a gravação de um DVD com convidados, no Teatro Bradesco, em São Paulo, em 25 de janeiro. No setlist, estarão seus maiores sucessos na fase sertaneja e de rock -sim, ele fez muito sucesso na Jovem Guarda com o nome artístico de Johnny Johnson, com músicas como a balada romântica "Coração de Papel" (1967).
Reis credita o sucesso da carreira longeva -ainda em plena atividade- ao carinho e respeito com que trata o seu público, formado por avós e pais que transmitiram o gosto musical para os filhos e netos. É comum ele receber fãs no camarim falando que aprenderam a gostar da sua música com familiares ou mostrando fotos que tiraram com ele ainda criança. "Uma moça bonita me mostrou há alguns anos uma foto em que eu a segurava bebê no colo", diz orgulhoso, em entrevista à Folha de S.Paulo.
Depois de 39 álbuns, três DVDs e dois Grammys Latinos, o cantor revela que ainda sonha em fazer um musical no teatro contando a sua história. Mas admite que realizar esse sonho é difícil porque precisaria de patrocínio. "Eu nunca usei Lei Rouanet, então está um pouco difícil para mim, mas tudo bem", disse o cantor, que faz parte de uma longa lista de sertanejos que já criticaram o uso do desse mecanismo de incentivo à cultura, que usa financiamento privado.
O cantor garante que está conformado com o cancelamento de um CD que lançaria com convidados, após vários deles desistirem de participar devido à repercussão de um áudio que viralizou no ano passado, em que ele afirmava que caminhoneiros, financiados por produtores de soja, parariam o país até que o Senado afastasse os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de seus cargos. Entre os artistas que desistiram, estão nomes como Guilherme Arantes, Zé Ramalho, Maria Rita e Guarabyra. "Eu fiquei triste pela beleza do disco que a gente ia fazer, as gravações foram magníficas."
Reis diz que não guarda mágoa dos colegas que se desistiram do projeto por "discordarem politicamente" dele.
Ele conta que, apesar da recusa, os cantores foram muito carinhosos e afirma que continua adorando todos. "Eu não vou mudar o meu pensamento, a democracia é assim, e a gente tem que aceitar. Eu não vou deixar de ser amigo e não guardo rancor de forma alguma [dos artistas], graças a Deus."
O cantor também defende os manifestantes bolsonaristas que até hoje não aceitam os resultado das eleições -parte dos quais foi acusada de atear fogo em carros em Brasília, no final do ano passado. Segundo ele, a polícia já prendeu as pessoas "infiltradas" nesses protestos por praticar vandalismo. "Quem organizou isso foi o sobrinho da Dilma, que é PT. Está aqui no WhatsApp, eu mando para você, se quiser", comenta o cantor, valendo-se de uma fake news frequente em grupos bolsonaristas.
Apesar de ser apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Reis elogia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem chama de amigo e fã, por tê-lo ajudado em seu primeiro mandato com uma verba de R$ 10 milhões para a construção de uma de um pavilhão no Hospital do Amor de Barretos, referência no tratamento câncer -a instituição tem pavilhões com nomes dos artistas que contribuem.
Questionado se voltaria a se candidatar, ele desconversa e começa a contar do trabalho que desenvolve na área da saúde desde a época em que foi deputado federal pelo PRTB (2015-2019). "Esquece a política", pede o cantor quando a reportagem da Folha de S.Paulo insiste no assunto.