'Não existe vingança', diz Camila Queiroz sobre retorno à Globo como protagonista
A atriz será protagonista da nova novela da faixa das 18h, "Amor Perfeito"
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "Eu tenho que lembrar de celebrar as conquistas, e isso eu digo para todo mundo: celebrem as conquistas, porque cada um sabe a sua dor, cada um sabe o que o leão que mata por dia para vencer. Estar aqui hoje era um sonho muito impossível, e eu estou muito feliz de estar realizando isso."
Camila Queiroz, 29, falava sobre ter superado a origem humilde, mas bem que poderia ser sobre seu retorno à Globo. No final de 2021, prestes a encerrar as gravações de "Verdades Secretas 2", ela foi dispensada da empresa com direito à divulgação de um rumoroso comunicado no qual a emissora dizia que ela tinha feito exigências "inaceitáveis" para gravar o desfecho da trama. A atriz, por sua vez, negou e acusou a empresa de puni-la por não ter renovado seu contrato de longo prazo.
Parecia que a relação havia azedado, mas eis que pouco mais de um ano depois, ela foi convidada a voltar com o status de estrela da nova novela da faixa das 18h, "Amor Perfeito", que estreia na próxima segunda-feira (20). Mas, afinal, a vingança é um prato que se come frio?
"Não existe isso, não existe vingança, não existe me sentir vingada", diz a atriz no evento de lançamento da novela. E trata logo de botar panos quentes na possível saia justa: "Estamos aqui, isso daqui já diz tudo. Eu estou aqui hoje, com vocês, celebrando uma novela que fala sobre amor, tendo a honra de ser a protagonista. Eu acho que isso já é uma conquista e uma celebração. Não preciso falar mais nada."
Camila diz que as conversas para sua escalação começaram no meio do ano passado, ou seja, apenas meses depois de toda a confusão. A vontade de tê-la no elenco era tanta que o autor da novela, Júlio Fischer (que assina a criação da trama com Duca Rachid), ligou para convencê-la. "Neste ano, eu tinha muitos projetos, então eu não tinha agenda", conta ela. "Só que quando o Júlio me ligou convidando para fazer a personagem, ele me apresentou a história e me apresentou a Marê, eu nem titubeei."
Marê é o apelido de Maria Elisa, a personagem da atriz. Trata-se de uma heroína que vai sofrer bastante ao longo da trama, que se passa entre os anos 1930 e 1940. Ela ficará anos presa e sem contato com o filho, Marcelino (Levi Asaf) por causa de uma armação da madrasta, Gilda (Mariana Ximenes).
Marcelino é fruto do amor de Marê e Orlando, vivido por Diogo Almeida. Perguntada se teme uma reação ao casal formado por uma branca e um preto, como a rejeição sofrida pelos atores Zezé Motta e Marcos Paulo na novela "Corpo a Corpo" (1984), ela conta que não conhecia a história. "Que pena, tomara que isso não se repita", afirma.
"A gente está falando sobre amor e todas as suas formas. E o amor inter-racial é mais uma forma de amor, né?", avalia. "A gente só vai mostrar mais uma forma de amor, não é a cor da pele que vai dizer quem ama mais, quem ama menos, quem merece ser amado, quem não merece ser amado. E eles não se escolhem por isso. A meu ver, é uma coisa absolutamente normal, e eu espero que o público entenda e receba isso."
Outra coisa que ela considera normal é ler críticas com relação a seu trabalho, embora confesse que fica sentida quando elas ignoram o esforço e a dedicação que ele requere. "Só a gente sabe o quanto a gente rala, o quanto a gente estuda, o quanto a gente se dedica, para, de repente, ler uma coisa ou outra que dói", conta. "Claro que dói."
"Quando eu fiz 'Pega Pega' [2018], eu perdi meu pai na primeira semana de gravação e, dali para a frente, o meu emocional acabou, porque eu me vi numa situação extremamente vulnerável e frágil", exemplifica. "Eu enterrei o meu pai no domingo e, na terça, eu estava gravando uma cena em que o meu avô, que era o [Marcos] Caruso, infartava, e eu levava ele na maca."
"Eu lembro que naquela novela eu fui bastante criticada e, ao mesmo tempo, na época aquilo me doía profundamente, porque eu achava que eu tava dando o meu melhor, dentro de tudo que estava acontecendo na minha vida pessoal", afirma. "Hoje eu olho para trás com compaixão por mim. Eu tenho que ter compaixão por mim mesma em alguns momentos. Eu deveria ter sempre, mas a gente não faz isso sempre. Eu sou muito dura comigo mesma. Sou muito autocrítica. Antes de as pessoas criticarem, eu já me critiquei."