Filme russo é pastiche de Harry Potter com efeitos especiais risíveis
Abigail e a Cidade Proibida' estreou há três semanas na Rússia e o faturamento não chegou a US$ 1,5 milhão
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Cultura CINE-CRÍTICA
Sempre é curioso assistir a um filme que saia do lugar-comum. No caso de "Abigail e a Cidade Proibida", a novidade está no fato de que a produção é parte russa, filmada em cidades como São Petersburgo e Moscou, mas principalmente em Tallinn, capital da Estônia, cujo centro histórico serviu como locação para a cidade onde mora a moça do título.
Mas a outra parte da produção é americana, o que garante que nada saia muito dos trilhos do "cinemão" de Hollywood. Assim, o que temos em "Abigail" é um pastiche envolvendo Harry Potter e "Máquinas Mortais", aquele filme em que cidades andam pela terra como se fossem gigantescos tratores.
Do pequeno mago, o diretor Aleksandr Boguslavskiy, também corroteirista, aproveitou toda a trama de "garota sem pai descobre que existe um mundo de magia e que ela é a mais forte de todos". Cópia descarada mesmo.
Do segundo, vem todo o trabalho de figurino do início do século passado, das máquinas cheias de engrenagens e dos veículos, sejam eles automóveis dos anos 1930, sejam máquinas voadoras do estilo de Júlio Verne.
Quando criança, Abigail teve seu pai (o inglês Eddie Marsan, único ator não eslavo) levado pelas autoridades por estar infectado com uma doença misteriosa. Essa doença, ela vai descobrir uma década depois, é ter poderes mágicos. Para se manterem no poder, as pessoas "normais" criaram uma sociedade em que os mágicos sofrem perseguição e são relegados à escória social.
Assim, Abigail liderará o levante pela justiça dos magos. Infelizmente, a Rússia não está em total sintonia com a sociedade ocidental mais esclarecida, por isso a moça cai de amores pelo líder da resistência, um verdadeiro palerma, mas que é retratado como herói na trama.
Falta ainda um bom vilão, pois o chefe da repressão é tão pouco desenvolvido no roteiro que não chega a assustar nem quando começa a matar nossos amigos mágicos com seu sabre lustroso. E os efeitos especiais são risíveis, frutos provavelmente de um orçamento baixo (estimado em US$ 25 milhões) para uma produção ambiciosa dessas.
Há, entretanto, boas ideias, notadamente o personagem do professor de magia que esquece tudo que faz segundos depois e também a engenhosa ligação de Abigail com seu pai desaparecido, que lhe manda dicas por meio de recordações.
Parece que esses achados não serviram para salvar o filme. "Abigail e a Cidade Proibida" estreou há três semanas na Rússia e o faturamento não chegou a US$ 1,5 milhão. Talvez a garotada do Ocidente, por onde o filme seguirá estreando a partir desta quinta (12), veja a poderosa mocinha com olhos melhores.