Cinema italiano está em crise, diz De Sica
Ator e cineasta está em São Paulo para festival inédito
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Cultura Entrevista
O ator e cineasta italiano Christian De Sica foi homenageado na noite da última terça-feira (10), na abertura da 1ª Italian Film Fest, que ocorre até o dia 21 de outubro, em São Paulo. De Sica, que já atuou em 75 filmes e é filho de um dos maiores nomes do cinema italiano, Vittorio De Sica, recebeu um prêmio pela sua carreira das mãos do cônsul da Itália em São Paulo, Michele Pala.
Em entrevista à ANSA, De Sica contou que iniciou sua trajetória no Rio de Janeiro e que brasileiros e italianos têm muitas semelhanças culturais e artísticas. "Acredito que existe um feeling muito forte entre o cinema brasileiro e o italiano. A vida privada, a vida cotidiana, é parecida entre brasileiros e italianos: se assemelham bastante, não são tão distantes como os alemães ou franceses. São apaixonados, mentirosos, improvisadores, e também somos grandes artistas. Isso que estão tentando fazer, de tentar unir cada vez mais, ajudará muito, será uma coisa positiva", disse, referindo-se à Italian Film Fest.
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O ator iniciou sua carreira no Brasil, aos 18 anos, quando morava na casa do músico e humorista Juca Chaves, no Rio de Janeiro. "Cantei com Elis Regina, ou seja, comecei aqui. Depois voltei para a Itália e fui para o cinema", acrescentou.
Segundo De Sica, o cinema italiano está em crise, assim como o próprio país. "Não há dinheiro, então isso é ruim. Mas não é só o cinema, a moda também, a política, todo o resto. Mas, ultimamente, surgiram jovens cineastas, como Paolo Sorrentino, que já venceu um Oscar, e muitos atores bons, o que dá esperança. Nos momentos de crise, há sempre um movimento positivo. O dinheiro gera tranquilidade", afirmou.
O astro diz que, na época de seu pai, contemporâneo de Federico Fellini, a Itália ganhou obras-primas do cinema por causa do período pós-guerra, quando o país vivia uma situação de carência. Questionado sobre a influencia de Vittorio em seu trabalho, De Sica foi enfático. "Meu pai era um pintor metafísico. Eu sou um pintor de domingos. Eu sou um ator, ele era um mestre do cinema. Talvez se eu tivesse tentado fazer o que meu pai fazia, eu tivesse fracassado. Eu fiz um cinema de evasão, comercial, mas que me deu grande satisfação", afirmou.
A Italian Film Fest é organizada pela Prisma, formada pelo ex-senador e diretor do festival, Alessandro Battisti, pelo produtor Alessio Ortu, pelo secretário-geral da Câmara de Comércio Ítalo-Brasileira, Francesco Paternò, e pelo cientista político Antonio Sgro. A mostra, que está em sua primeira edição, oferece sessões gratuitas em cinemas da cidade de São Paulo e exibe produções brasileiras e italianas, clássicas e independentes, além de promover debates com atores e diretores e um workshop. Com informações da Ansa.