MCs viram 'bons moços' para tocarem nas rádios e na TV
Funk paulista vive seu movimento 'melody'
© Reprodução / Instagram / MC Kekel
Cultura Funk
Keldson William da Silva, o MC Kekel, conhecido por cantar: "Quer andar de meiota [tipo de motocicleta muito estimado nas letras de funk]? Senta na minha p*", atualmente adota um estilo de rapper americano e versa ao lado de ex-cantora evangélica: "Eu troco uma estrela por um beijo seu, troco aquela Lua pelo seu olhar."
A repaginada não veio do nada. Na realidade ilustra um movimento que vem auxiliando o funk paulista a atingir uma maior audiência, como nas rádios e na televisão, noticia o G1.
MCs estão deixando para trás os tempos de "sacanagem" e migrando para o amor.
"O funk paulista vive hoje algo muito próximo ao que viveu o funk do Rio na época do melody", afirma o produtor Junior Maia, que trabalha para a empresa de KondZilla, e é um dos responsáveis pela transformação de Kekel.
A referência dele visa nomes como MC Marcinho ("Glamurosa"), MC Leozinho ("Se ela dança, eu danço") e Claudinho & Buchecha ("Quero te encontrar"). As letras românticas e quase sem apelo sexual, fazia com que estes artistas tocassem até em programas infantis nos anos 1990 e início de 2000.
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"Em 2016, o funk melody não estava em alta, era mais a putaria mesmo. Agora o romantismo pegou todo mundo de surpresa", avalia o MC.
Campeão na internet, o funk ainda fica bem atrás do sertanejo nas rádios. O gênero ocupa as 23 primeiras posições entre as mais tocadas do país de janeiro a 7 de maio, segundo relatório da Crowley.
Termos como "bumbum", "sentar", "quicar" e "descer", podem ajuar a explicar essa distância, segundo Fábio Schuck, representante nacional para a área musical da empresa de monitoramento ConnectMix.