Sem amarras, 'Han Solo' brinca com elementos criados por George Lucas
Filme foi exibido no Festival de Cannes nesta terça-feira (15)
© Divulgação
Cultura Crítica
"Han Solo", segundo spin off do universo "Star Wars", estreou no Festival de Cannes com uma delegação de stormtroopers no tapete vermelho e baixas expectativas por parte da Disney. Segundo fontes, os estúdios não estavam satisfeitos com o desempenho ator principal (Alden Ehrenreich), com o roteiro e chegaram até a trocar a direção.
O resultado exibido nesta terça (15), contudo, pode agradar justamente aqueles que gostaram mais de "Rogue One", o outro spin off, do que do saldo da nova trilogia espacial, que gerou frutos em 2015 e 2017 e se fechará em 2019.
Até por não fazer parte da "saga oficial", o longa dirigido por Ron Howard se permite um pouco mais de liberdade para brincar com os elementos criados por George Lucas sem ficar preso às amarras narrativas que tiram o brilho de "O Despertar da Força" e "Os Últimos Jedi" (dois repetecos dos arcos dramáticos da trilogia de 1977 a 1983).
"Han Solo" dá conta da juventude do personagem-título, isto é, de como ele criou a couraça malandra que nos outros filmes é vista sob pele de Harrison Ford. Aqui, quem veste seu colete é Ehrenreich, ator de 28 anos que até então somava uma franquia malfadada ("Dezesseis Luas") e papéis coadjuvantes em "Ave, Cesar", "Tetro" e outros filmes.
+ Cinema foi um tanto ingrato com o trabalho de Tom Wolfe
Aqui vemos Solo como um jovem semimiserável que escapa de seu planeta-natal, um misto de lixão e ferro-velho, para se tornar um piloto. Antes, contudo, precisa se aliar a um bando de mercenários que planejam roubar uma carga especial.
Logo no início ele topa com o seu fiel aliado, o peludo Chewbacca (mas detalhar como se dá o encontro pode tirar a graça). Ainda mais interessante é o seu encontro com o rival Lando Calrissian, aqui interpretado por Daniel Glover (que está nos holofotes graças ao videoclipe "This Is America"), que acrescenta mais charme e comicidade ao filme.
Amigo de George Lucas, o diretor Ron Howard não deixa de promover um espetáculo pirotécnico com o filme, mas apoia-se muito menos em malabarismos de computação gráfica do que seus antecessores. Também é acertada a sua escolha de tomar emprestados elementos do chamado "heist movie" (o gênero dos filmes de assalto) sob uma roupagem intergaláctica.
E Ehrenreich não é nem um pouco o desastre que se anunciava. Pelo contrário; incorpora os maneirismos de Ford e acrescenta camadas mais ternas, mas sem deixar de lado o humor. O que "Rogue One" acertava no tom sombrio, "Han Solo" reequilibra com comicidade. Com informações da Folhapress.