Nobel de Literatura de 2019 também pode ser cancelado
Presidente da Fundação Nobel também sugeriu que todos os dez membros restantes na Academia Sueca devem renunciar aos seus cargos
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O Prêmio Nobel de Literatura, que já havia sido cancelado este ano após uma série de denúncias de assédio sexual e suspeitas de corrupção, pode não ser concedido nem em 2019, como havia sido anunciado.
Depois da crise na Academia Sueca, que resultou na saída de diversos membros, a instituição havia afirmado que no ano que vem seriam concedidos dois troféus, referentes a 2018 e 2019. A Academia Sueca é a instituição responsável por conceder a cada ano o Nobel de Literatura.
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Agora, Lars Heikensten, presidente da Fundação Nobel, que administra os fundos para todos os troféus do prêmio, disse à rádio sueca Sveriges que tampouco está garantida a entrega da honraria no ano que vem.
"O Nobel vai ser concedido quando a Academia Sueca recuperar a confiança do público, o que quer dizer que 2019 não é um deadline", afirmou.
Heikensten também sugeriu que todos os dez membros restantes na Academia devem renunciar aos seus cargos. "Acho que todos eles precisam pensar se são bons para a Academia Sueca e para o Nobel e se serão bons para a academia no futuro. Ou se não é melhor sair fora", afirmou.
A fundação presidida por ele cuida do dinheiro para os troféus de química, física, economia, entre outros. Mas o testamento de Alfred Nobel (1833-1896), criador do prêmio, aponta a Academia Sueca como responsável pela honraria de literatura.
Heikensten afirmou, contudo, que se os acadêmicos não conseguirem resolver seus problemas, a fundação pode apontar outra instituição para ser responsável pelo prêmio daqui em diante."Há muitas instituições dispostas", disse.
ENTENDA O CASO
O prêmio deste ano foi cancelado após denúncias de assédio e abuso feitas por 18 mulheres em um jornal sueco contra Jean-Claude Arnault, alguém com 30 anos de relações afáveis com a academia. Ele é marido de Katarina Frostenson, integrante da instituição.
Uma delas disse que o denunciou à instituição sueca e não deu em nada.
Arnault, que nega tudo, foi acusado ainda de vazar nomes dos vencedores do Nobel de Literatura -e possivelmente ganhar dinheiro com isso. Ele e a mulher gerem um centro cultural que recebia dinheiro da Academia Sueca, sob o qual há suspeitas de corrupção.
A tentativa fracassada por parte dos membros de expulsar Frostenson resultou na saída de diversos deles -entre os quais Sara Danius, primeira mulher à frente da instituição.
O resultado foi que a academia ficou sem quórum para tomar decisões e não era possível, pelos seus estatutos, eleger novos membros. As regras da instituição, já alteradas, não previam a saída de acadêmicos, porque o posto é vitalício -quando um se afastava, sua cadeira ficava vaga até sua morte.