Show de rapper muçulmano no Bataclan gera polêmica na França
Políticos pedem o cancelamento do show de Médine Zaouiche
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O show de um rapper muçulmano marcado para acontecer no Bataclan, em Paris, está causando polêmica na França. O local foi palco de um massacre de 90 pessoas, cometido pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI), na série de atentados à capital francesa em 13 de novembro de 2015.
Diversas autoridades francesas estão protestando para que o evento seja cancelado, além de exigirem que o presidente Emmanuel Macron tome providências. Eles alegam que o show seria um insulto às vítimas.
O rapper Médine Zaouiche é conhecido por suas letras provocativas sobre o Islã e sobre o secularismo na França. Ele se apresentará no Bataclan entre os dias 19 e 20 de outubro. Um de seus álbuns chama "Jihad", lançado em 2005. Mas o artista garante que é contrário à violência e prestou solidariedade aos familiares das vítimas do atentado terrorista.
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Em março, Médine lançou um single chamado "Bataclan", que focava em sua relação pessoal com o local. No entanto, as letras de canções suas, como "Don't Laïk", que fala "eu coloquei fatwas na cabeça de idiotas" e "crucificar secularistas", divide opiniões na França.
Os promotores do show, a Yuma Productions, defenderam Médine, que nasceu em Le Havre, na França, e possui ascendência argelina.
"Médine explicou várias vezes sobre a música 'Don't Laïk'. Não há ambiguidade no que ele diz. Ele até escreveu um texto magnífico sobre o Bataclan ao qual todos aderiram", explicou a produtora.
O jornal norte-americano The New York Times escreveu em 2016 que a música "Don't Laïk" foi, na verdade, destinada a defender as leis de secularismo da França para dar às pessoas espaço para praticar a religião.
- Protestos:
A líder do partido ultranacionalista francês Frente Nacional, Marine Le Pen, afirmou que seria uma desgraça nacional permitir que os shows de Médine acontecessem no teatro Bataclan. Ela ainda tuitou que "nenhum francês pode aceitar que esse sujeito exploda sua sujeira" no teatro.
Já o líder republicano Laurent Wauquiez afirmou que os show seria "um sacrilégio para as vítimas e uma desonra para a França", informou o jornal "The Telegraph".
O prefeito da cidade de Meaux, Jean-François Copé, e o senador Éric Ciotti, pediram para o presidente Macron proibir o concerto.
Uma petição on-line, iniciada por deputados de direita e chamada "NÃO ao rapper Médine", reuniu mais de 13,4 mil assinaturas.
Além disso, advogados que atuam em nome de parentes das pessoas mortas e feridas no massacre do Bataclan, planejam entrar com uma ação legal, alegando que o show representa uma ameaça à ordem pública.(ANSA)