Ampliação de verbas é chance para mais mulheres dirigirem filmes
Avaliação é de integrante da Ancine; direção feminina foi só de 16%
© Reprodução/YouTube/Afrocarioca filmes
Cultura Mulher
A falta de diversidade de gênero e raça na direção dos filmes nacionais foi o principal tema discutido hoje (4) no Seminário Internacional Mulheres no Audiovisual. De acordo com dados da Agência Nacional do Cinema (Ancine), chegaram às telas em 2016 apenas 25 produções brasileiras com direção exclusivamente feminina, representando apenas 16% dos longas.
A presidente da Comissão de Gênero, Raça e Diversidade da Ancine, Carolina Costa, defendeu durante o evento que é preciso aproveitar o crescimento atual nas verbas de financiamento do cinema para mudar essa realidade.
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“Momento de crescimento de investimento são os melhores momentos políticos para promover política distributiva. Não podemos, como executor de política pública, perder essa janela de oportunidade” ressaltou. Ela lembra que, ao longo de 2018, serão liberados cerca de R$ 1 bilhão do Fundo Setorial do Audiovisual em diversos editais.
A pressão política para ações afirmativas deve, na opinião dela, unir todos os setores da sociedade com pouca presença no setor. “Encontra a solução em apenas uma dimensão pode aumentar distorções e dificultar a luta política para se empreender em outra dimensão”, destacou.
Segundo dados apresentados por Carolina Costa, os homens estiveram á frente de 124 longas-metragens, 77% do total. Onze filmes tiveram direção mista. Além disso, os filmes dirigidos por mulheres também tiveram menos espaço, sendo lançados em uma média de 65,4 salas, enquanto os feitos por homens chegaram a 83,1 espaços de exibição, em média.
O percentual de filmes nacionais com direção exclusivamente feminina não ultrapassou, desde 2009, os 24%, proporção alcançada em 2012. Em 2014, foi registrado o menor número dos últimos nove anos, com apenas 10% de produções comandadas por mulheres.
O recorte racial é ainda mais desfavorável. Em 2016, apenas 2,1% dos 142 longas-metragens nacionais foram assinados por homens negros. “Pessoas negras estão virtualmente impedidas de participar dessa produção. São 2% de filmes dirigidos por homens negros e nenhum filme dirigido por uma mulher negra chegou as salas de cinema em 2016”, enfatizou a presidente da comissão de Gênero, Raça e Diversidade da Ancine, Carolina Costa.
É preciso, segundo Carolina, aproveitar os grandes investimentos que estão sendo feitos no setor para abrir as portas do mercado para a diversidade.
Estratégias
A produtora e integrante do conselho da Iniciativa Annemberg para Inclusão, Fanshen Cox Digiovanni, enfatizou a importância dos argumentos em prol da equidade estarem embasados com informações consistentes. “Contar a verdade envolve coletar dados que vão nos permitir retrucar quando chamarem as nossas declarações de fake news”, disse a produtora, a partir da experiência no mercado dos Estados Unidos.
No entanto, quando apenas as informações não são suficientes para o convencimento, Fanshen disse que pode ser preciso se valer de outras estratégias. “O nosso próximo passo foi começar a publicar os nomes dos produtores e dos estúdios que não estão mudando de posição”, acrescentou. Com informações da Agência Brasil.