Família de Ana Mendieta acusa Amazon de plágio no filme 'Suspiria'
Desde a morte da artista, sua família proibiu a reprodução comercial de sua obra
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Os familiares e detentores dos direitos autorais da obra da performer, artista visual e pintora cubana-americana Ana Mendieta, morta em 1985, estão processando a Amazon Studios por plágio.
Desde a morte da artista, sua família proibiu a reprodução comercial de sua obra. Mendieta ficou conhecida por ser um expoente do feminismo, ao retratar a violência cotidiana sofrida pelas mulheres.
Segundo a família, o filme "Suspiria", distribuído pela Amazon e com estreia prevista para 26 de outubro, usou partes do trabalho da artista em suas cenas sem autorização.
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Para eles, as imagens que aparecem no trailer, como a das mãos de uma mulher atadas com cordas, replicam uma cena de estupro em um trabalho de Mendieta feito em 1973.
Outra cena, onde a silhueta do corpo de uma mulher aparece em um lençol branco, também é apontada como plágio. A imagem replicaria um trabalho de 1978 da artista, chamado "Silueta", segundo os familiares.
Nessa série, Mendieta quis mostrar a criação da natureza feminina por meio de esculturas de barro, areia e grama.
No total, os herdeiros apontam oito cenas como possível plágio da obra de Mendieta.
De acordo com a revista Variety, o diretor de "Suspiria", Luca Guadagnino, já havia afirmado, em entrevistas anteriores, ter usado a artista como inspiração para fazer o filme -que é baseado no clássico do terror "Suspiria", de Dario Argento, lançado em 1977.
As cenas do trailer foram removidas, e a família agora espera uma indenização, além de uma ordem judicial proibindo a Amazon de utilizar as imagens da artista.
Ana Mendieta nasceu em Havana e se mudou aos 12 anos para os Estados Unidos, na tentativa de fugir do regime de Fidel Castro.
Sua obra era autobiográfica e incluía temas como o feminismo, a morte, a violência e o estupro.
A artista também é conhecida como uma das pioneiras da body art. Mendieta geralmente retratava a ligação do corpo da mulher com a natureza, em uma tentativa de descoberta da essência feminina.
Ela era casada com o escultor Carl Andre e morreu em Nova York, após cair do 34º andar de seu apartamento. Na época, testemunhas afirmaram terem presenciado uma briga entre o casal na noite anterior à morte da artista.
Em 1988, em meio a circunstâncias controversas, Andre foi acusado de assassinato pela Justiça, mas acabou inocentado no mesmo ano.
Ana Mendieta e outras artistas feministas do século 21 estão na exposição "Mulheres Radicais: arte latino-americana, 1960-1985", na Pinacoteca de São Paulo. Com informações da Folhapress.