Receio com a China faz dólar disparar
O temor com a situação da China espalhou-se ontem (8) pelos mercados financeiros ao redor do mundo
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Economia Mercados
Apesar dos esforços de Pequim para conter a derrocada dos preços das ações, as bolsas chinesas já caíram cerca de 30% nas últimas três semanas, incluindo o pregão de ontem, o que elevou a percepção de que a economia do gigante asiático tem problemas. Os preços de várias commodities também foram afetados, com destaque para o minério de ferro negociado no mercado spot, que caiu 11,3% só ontem.
A turbulência chinesa teve reflexos diretos no mercado brasileiro, com o dólar subindo 1,41% e fechando em R$ 3,2280 - maior valor desde 27 de março - e a Bovespa fechando em queda de 1,07%, aos 51.781,74 pontos, nível mais baixo desde 31 de março.
Nos Estados Unidos, as bolsas também registraram queda. Em Nova York, o índice Dow Jones caiu 1,47%, o S&P 500 caiu 1,67% e o Nasdaq cedeu 1,75%, sendo que o estresse trazido da Ásia foi amplificado por problemas técnicos no pregão viva-voz da Bolsa de Nova York (leia mais nesta página). Na Europa, o clima era um pouco mais ameno após a Grécia fazer um pedido formal de um novo pacote de ajuda, o que fez os índices europeus avançarem. O CAC 40 de Paris subiu 0,75% e o DAX de Frankfurt teve alta de 0,66%.
Para o Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos maiores bancos do mundo, o processo de correção de preços nas bolsas da China é "saudável", sobretudo depois da forte e rápida valorização das ações nos últimos meses, que teve pouca relação com fundamentos e expectativa de lucros das empresas. Mas pode provocar mais volatilidade no curto prazo e novas quedas nos papéis são prováveis.
Minério
No Brasil, a turbulência chinesa tem atingido principalmente as ações da Vale. Ontem (8), no rastro da queda da cotação do minério, os papéis ordinários (ON) da empresa fecharam em queda de 4,29%, enquanto os preferenciais (PNA) caíram 4,03%. No ano, as ações ON acumulam retração de 20,19% e as PNA, de 22%.
Especialistas do setor apontam que a cotação do minério de ferro deverá se manter em patamar deprimido no curto prazo, girando em torno de US$ 50 por tonelada. Com as grandes mineradoras tentando aumentar produção no momento em que a atividade econômica da China cresce a passos mais lentos, os preços não terão força para ir além de US$ 60 a tonelada em 2015. O preço da matéria-prima vem caindo desde o início do ano passado.
O BTG Pactual afirmou, em relatório, que o preço do insumo entrou no "modo pânico" após a derrocada de ontem (8). Em sete dias, o preço do minério de ferro acumula perdas de mais de 25%, queda puxada pelo aumento das preocupações em torno da China.
O documento do BTG destaca a ineficácia das medidas do governo chinês para reanimar a economia e também um possível corte de produção das siderúrgicas chinesas, trazendo impacto negativo para o minério no segundo semestre. Para os analistas do banco, a Vale segue vulnerável no curto prazo. Com informações do Estadão Conteúdo.