Brics precisa fazer ajuste estrutural, concluem países
A presidente brasileira Dilma Rousseff reafirmou a aposta na importância dos países emergentes para o crescimento global
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Economia Consenso
A reunião de cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), realizada em Ufá, na Rússia, terminou na quinta-feira, 9, com o reconhecimento dos cinco países de que é preciso realizar reformas estruturais e ajustes domésticos para manter a rota de crescimento econômico sustentável. "A recuperação global continua, ainda que o crescimento seja frágil e com consideráveis divergências entre países e regiões", diz o documento final do encontro. "Reformas estruturais, ajustes domésticos e promoção da inovação são importantes para o crescimento sustentável e para prover uma contribuição forte e sustentável para a economia mundial."
Apesar de reconhecer que a situação econômica global está menos positiva e influencia negativamente cada vez mais os emergentes, a presidente brasileira Dilma Rousseff reafirmou a aposta na importância dos países emergentes para o crescimento global. "Os países emergentes, especialmente os do Brics, eu estou certa, continuarão a ser a força motriz do crescimento global", disse.
O encontro foi realizado, no entanto, no momento em que a China, a segunda maior economia do mundo, passa por forte turbulência em seu mercado interno, com a perda de 30% do valor de mercado das ações de empresas do país desde junho. Para Dilma, o governo chinês "tem recursos suficientes" para lidar com esses problemas. Segundo ela, que teve uma reunião bilateral com o presidente Xi Jinping, "oscilações da bolsa de valores são normais".
De acordo com Dilma, Xi Jinping não demonstrou preocupação particular sobre a turbulência, que já custou US$ 3,5 trilhões desde junho, quando a instabilidade se acentuou. "Eu achei o presidente nessa questão bastante tranquilo", afirmou, referindo-se ao líder chinês. "Não mostrava nenhuma grande preocupação e demonstrou até clareza de que o mercado iria se recuperar."
Projeções
Sobre os indicadores econômicos no Brasil, como o desemprego, que bateu recorde em três anos, chegando a 8,1% e a decisão do Fundo Monetário Internacional (FMI) de rebaixar a projeção de retração do Brasil de -1% para -1,5% em 2015, Dilma voltou a evocar problemas externos como maior explicação para a recessão.
A presidente lembrou que a China deve registrar neste ano o pior desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) em 25 anos. "O mundo está passando por um processo bastante complicado. Todas as estatísticas do FMI estão sendo reduzidas para baixo, em qualquer lugar do mundo", justificou.
De acordo com a presidente, o Brasil passa por "um momento extremamente duro", o que justificaria o lançamento do Programa de Proteção ao Emprego pelo governo. "Não inventamos a roda. Nós olhamos as melhores experiências internacionais e consideramos que a melhor era a alemã, por isso, construímos o programa tentando garantir a presença das condições de recuperação", sustentou.
Inflação
Dilma voltou a alegar que a inflação é conjuntural, e não estrutural, causada pela desvalorização cambial, e que as reservas internacionais são uma garantia de estabilidade para o País. "O Brasil tem uma forte base de reservas, que nunca teve na vida - no passado, as crises pegavam o Brasil naquilo que o ministro (Mario Henrique) Simonsen dizia: 'A inflação aleija e o câmbio mata'. Acho que não seremos nem aleijados pela inflação nem mortos pelo câmbio", disse a presidente. Questionada sobre se acredita que a retomada do crescimento será rápida no Brasil, a presidente evitou fazer projeções. "O Brasil tem estruturalmente fundamentos para se recuperar rápido. Com informações do Estadão Conteúdo.