Única forma da economia se recuperar é governo investir, diz Lula
"Aprendi que a coisa mais fácil e mais barata de um governo é cuidar dos pobres porque eles pedem e custam pouco e se contentam com o mínimo necessário", afirmou.
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BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) - Só há uma forma para a equipe de Bolsonaro recuperar a economia brasileira e evitar que ela acompanhe a crise global que deve ser desencadeada pelo coronavírus, e esse caminho se dá pelo investimento do governo. Essa foi a avaliação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante evento no Festsaal Kreuzberg, em Berlim, nesta terça-feira (10).
"Se quisermos recuperar a economia brasileira, [precisamos] deixar de olhar para as firmas, e o governo que faça investimentos como eu fiz [na crise de 2008]", disse. Essa não foi a única vez que o ex-presidente mostrou descontentamento com o empresariado. Primeiro, ao comparar ricos e pobres, Lula disse que é difícil agradar quem tem dinheiro.
"Aprendi que a coisa mais fácil e mais barata de um governo é cuidar dos pobres porque eles pedem e custam pouco e se contentam com o mínimo necessário", afirmou.
Em outro momento, Lula criticou o posicionamento da Fiesp (Federação Nacional das Indústrias do Estado de São Paulo) frente o cenário econômico de baixo crescimento.
"Por que a Fiesp não vai agora colocar os patinhos e cobrar o Bolsonaro?", disse, em referência à campanha "Não vou pagar o pato", lançada pela entidade em 2015 contra o aumento de impostos.
Para Lula, se o governo não parar com as políticas de contenção de gastos, como a PEC 95, do teto de gastos, e não colocar dinheiro em obras de infraestrutura, o Brasil não vai se recuperar tão cedo. "Se o governo não tem e não merece credibilidade, se não passa previsibilidade para a sociedade, eu quero saber quem vai investir no Brasil. Então ele [governo] é que tem que investir."
Ao comentar o derretimento das Bolsas no mundo todo, o ex-presidente disse que o mundo vive uma crise econômica e financeira. A primeira seria devido a paralisação chinesa e a segunda graças a fragilidade dos bancos.
"Estejam preparados para dias difíceis no Brasil. A economia e o PIB não crescem, e o presidente, cara de pau como é, em vez de explicar para a população, preferiu contratar um humorista da Record para esculhambar", afirmou.