Pão de Açúcar e Carrefour crescem nas vendas, mas têm queda no lucro
As vendas de supermercados atingiram em março o maior patamar da história
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Economia Varejo
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A corrida para os supermercados com a pandemia de coronavírus levou o Grupo Pão de Açúcar (GPA), dono dos supermercados Extra, Pão de Açúcar e Assaí Atacadista, e o Carrefour Brasil, dono do Atacadão, a registrarem crescimentos expressivos de receita no primeiro trimestre de 2020. As despesas, porém, aumentaram, o que levou ambos a uma queda no lucro líquido no período em relação a 2019.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as vendas de supermercados atingiram em março o maior patamar da história com o aumento no volume de compras dos brasileiros para estocar produtos em meio à quarentena.
O GPA reportou nesta quarta-feira (13) um aumento de 56,5% na receita bruta consolidada no primeiro trimestre do ano com relação ao mesmo período de 2019, que foi a R$ 21,6 bilhões "com aumento significativo das vendas em todos os formatos desde o início do período de pandemia".
Apenas considerando o ramo alimentar no Brasil, a receita bruta cresceu 15%, para R$ 15,8 bilhões.
No Assaí, por exemplo, o cliente pessoa física passou a 70% do total das vendas com a pandemia -antes, era cerca de 50%-, e compensou a queda das vendas para estabelecimentos de alimentação, levando a um crescimento de 15,6% margem bruta da marca.
Com aumento na preferência do consumidor por fazer compras pela internet na pandemia, o ecommerce do grupo saltou 82% no trimestre e as vendas online já representam cerca de 3% da receita bruta do segmento de varejo, sendo 7% da marca Pão de Açúcar.
O GPA, contudo, teve um prejuízo líquido de R$ 130 milhões no primeiro trimestre, com custo de R$ 92 milhões na reestruturação e otimização das operações na América Latina, aumento no gasto de importações com a alta do dólar e compra da rede varejista colombiana Éxito. No primeiro trimestre de 2019, o grupo teve lucro líquido de R$ 126 milhões.
"Ao expurgarmos o impacto das outras receitas e despesas, o GPA consolidado teria apresentado lucro líquido ajustado de R$ 65 milhões", diz relatório do grupo.
Na terça (12), o Carrefour divulgou um aumento de de 12,5% na receita bruta de vendas do primeiro trimestre, totalizando cerca de R$ 15 bilhões. O lucro líquido do grupo, porém, caiu 15,8% para R$ 425 milhões com maiores impostos e despesas.
Segundo o balanço da companhia, nas nas últimas duas semanas de março, as vendas cresceram 20,9% "devido ao aumento da estocagem de produtos por parte dos consumidores", com alta na demanda por produtos básicos.
O Carrefour teve alta de 5,6% no volume e de 8,5% no ticket médio de compra, "mais que compensando a redução do tráfego em março, já que os consumidores diminuíram suas idas ao supermercado por conta da disseminação da pandemia do Covid-19". Já as vendas pela internet triplicaram e bateram recorde de pedidos.
A companhia reportou que, por outro lado, teve queda de 2,9% em outras receitas, afetado por medidas como o adiamento da cobrança de aluguéis em galerias e shopping centers, entre março e maio. O Carrefour também cita gastos adicionais com medidas de segurança para os funcionários e clientes com relação à Covid-19.
Ainda impactou o resultado o aumento nas provisões para risco no Banco Carrefour, "devido a um cenário econômico mais desafiador no final de março". Provisão é uma espécie de reserva de emergência de bancos contra eventuais calotes.