Preços do petróleo dificultam investimentos e podem gerar instabilidade
A Opep espera que a demanda global atinja 110 milhões de barris por dia em 2040, dos quais 46 milhões de barris por dia devem ser demandados pela Ásia
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Economia Opep
O secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Abdalla Salem el-Badri, afirmou que os baixos preços da commodity têm levado ao cancelamento e ao adiamento de projetos de investimentos no setor, o que pode gerar instabilidade no futuro. Em artigo, o representante diz que a indústria precisa manter investimentos na ordem de US$ 10 trilhões até 2040 para atender ao avanço na demanda global pela fonte de energia, que deve crescer 50% no período - puxada sobretudo pela Ásia.
Badri diz que a expansão da demanda nos países asiáticos pode representar até o dobro do aumento no consumo da commodity nas demais regiões nas próximas décadas. "É vital que a indústria tenha a capacidade para fazer os investimentos necessários para atender à demanda futura", escreve.
A Opep espera que a demanda global atinja 110 milhões de barris por dia em 2040, dos quais 46 milhões de barris por dia devem ser demandados pela Ásia. Hoje, a demanda diária do continente está em 16 milhões de barris. A produção da região deve seguir no sentido oposto, caindo para 7 milhões de barris ao dia em 2040, o que significa que as nações devem continuar dependentes da importação.
O ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Naimi, disse que os preços baixos do petróleo devem impulsionar a demanda asiática. "Para muitas nações asiáticas, os preços atuais do petróleo são bem-vindos no curto prazo. De fato, eu acredito que os níveis de demanda logo devem refletir a atratividade dos preços atuais", ponderou, também em artigo, publicado no site do Fórum Internacional de Energia. Naimi também ressaltou que produtores e consumidores não querem preços elevados ou baixos, e sim estabilidade.
A declaração contrasta com comentários feitos por Naimi em maio do ano passado, quando ele disse que os preços historicamente altos de US$ 100 por barril eram "um valor justo para todos - consumidores, produtores e empresas". Como representante saudita, Naimi tem voz ativa na Opep e em sua decisão de manter o teto para a produção dos associados inalterado, um dos motivos pelos quais os preços do petróleo caíram bruscamente ao fim de 2014 e hoje oscilam próximos ao patamar de US$ 50 por barril. O objetivo dos sauditas é atrapalhar a exploração de xisto nos Estados Unidos e garantir uma fatia maior do mercado internacional. Com informações do Estadão Conteúdo.