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ANA acusa usinas de omissão no Rio Madeira

As concessionárias argumentam que fizeram as intervenções exigidas nos contratos de concessão

ANA acusa usinas de omissão no Rio Madeira
Notícias ao Minuto Brasil

10:48 - 15/11/15 por Estadao Conteudo

Economia Desentendimento

Às vésperas do início do período de cheias, as hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau e a Agência Nacional de Águas (ANA) não se entendem a respeito da melhor forma de evitar riscos de inundações em Rondônia, por causa do volume de água que venha a ser represado pelos reservatórios das hidrelétricas. Nos últimos meses, a relação entre as usinas instaladas no Rio Madeira e a agência reguladora tem sido marcada por uma troca de acusações.

A ANA acusa as usinas de se omitirem em relação às obras permanentes que são necessárias para aumentar o nível de segurança das regiões potencialmente afetadas pelos reservatórios das usinas. As concessionárias argumentam que fizeram as intervenções exigidas nos contratos de concessão, avaliam que a agência está sendo excessivamente cautelosa e propõem como saída um plano de contingência, caso a cheia histórica do início de 2014 se repita.

As discussões começaram em março, mas ainda não se chegou a uma decisão sobre o que será feito. O período de chuvas da região do chamado "inverno amazônico" vai de novembro a abril. As empresas alegam que a cheia que inundou diversas regiões do Estado no início de 2014 foi a maior da história e dificilmente se repetirá - a chance de que algo semelhante volte a ocorrer, segundo as empresas, é de uma vez a cada 350 anos. Por isso, para elas, não deve ser usada para definir os critérios de proteção das localidades. O contrato de concessão considera uma série histórica de 50 anos, para áreas urbanas, e de 100 anos, para estruturas rodoviárias.

Para a agência, ainda que a última cheia tenha sido um ponto fora da curva, é necessário aumentar a proteção de áreas urbanas e da rodovia caso volte a ocorrer. Para isso, a ANA cobra medidas estruturantes, como a elevação de mais trechos da BR-364, que liga Porto Velho a Rio Branco, e a remoção da população de diversas localidades, como Jaci-Paraná e Abunã.

Em 2014, a estratégia usada para evitar inundações foi a antecipação do rebaixamento dos reservatórios das duas usinas. Basicamente, é esse o plano de contingência que as concessionárias querem repetir daqui para a frente. O problema dessa estratégia é que, com reservatórios mais baixos, as duas usinas acabam gerando menos energia. Por essa razão, o Ministério de Minas e Energia, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Operador Nacional do Sistem Elétrico (ONS) são contra a estratégia das empresas e favoráveis à proposta da ANA.

Obras

A Santo Antônio Energia afirma já ter realizado obras para proteção da BR-364 e do distrito de Jaci-Paraná, em Porto Velho. Segundo a concessionária, cerca de 100 famílias foram removidas de regiões mais vulneráveis e receberam indenização. A empresa ainda precisa concluir as obras de alteamento de um trecho de 700 metros da estrada, que será elevada em até 60 centímetros. A ANA, porém, quer que a proteção seja ampliada, o que implicaria na remoção de centenas de famílias e na elevação, em dois metros, de quatro km da rodovia.

Segundo a Santo Antônio Energia, as exigências da ANA são conservadoras, pois é possível evitar alagamentos se a usina fizer ajustes de operação. A proposta da empresa é adotar o plano de contingência proposto pelos próximos cinco anos. Se, nesse período, ocorrer uma nova cheia que inunde a cidade, a empresa arcaria com todas as responsabilidades e custos.

A concessionária Energia Sustentável do Brasil (ESBR), responsável por Jirau, afirma ter feito todas as medidas de proteção exigidas na época da implantação da usina, como o alteamento de trechos de 16,8 km da rodovia BR-364 e de estradas vicinais afetados pelo reservatório. "Durante a cheia excepcional do rio Madeira ocorrida no início de 2014, foram registradas vazões com tempo de recorrência superior a 300 anos, isto é, acima daquela estabelecida em resolução da ANA", informou. De acordo com a ESBR, as condicionantes relacionadas à proteção de áreas urbanas e localidades próximas à barragem também foram cumpridas. Sobre a localidade de Abunã, na fronteira com a Bolívia, a empresa alegou que as inundações ocorrem a despeito da existência da usina. Com informações do Estadão Conteúdo.

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