Shoppings e supermecados adotam a câmara de higienização
Supermercados e shopping centers têm instalado cabines de luz ultravioleta, que prometem a desinfecção dos produtos do carrinho de compras de uma só vez, em segundos
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Brasil Cuidados
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Lavar as compras de supermercado, deixá-las ao sol ou em quarentena numa área isolada da casa tornou-se rotina para muitos consumidores em meio à pandemia.
Para complementar essa prática, redes de supermercado e shopping centers têm instalado cabines de luz ultravioleta, que prometem a desinfecção dos produtos do carrinho de compras de uma só vez, em segundos.
Os varejistas alertam, porém, que o sistema é um item adicional a outras medidas de higiene e segurança.
A nova tecnologia foi implantada em junho pelo Carrefour em fase piloto na unidade de Osasco (SP). Nas últimas duas semanas, ela foi levada para os 103 hipermercados e as 41 unidades de bairro do grupo, segundo a empresa.
O Grupo Big –antigo Walmart Brasil, dono de bandeiras como Big, Bompreço e Sam's Club– já instalou o equipamento em quatro lojas e pretende levá-lo a outras 50 até o fim de setembro.
Entre os shopping centers, o SP Market, na Zona Sul de São Paulo, também incorporou a cabine de luz ultravioleta às medidas de segurança adotadas para atrair novamente os consumidores, ainda receosos de voltar às compras em ambientes fechados.
Nas três empresas, o uso da cabine é gratuito. Segundo Jérôme Mairet, diretor de riscos do Carrefour Brasil, de 12% a 15% dos clientes utilizavam o equipamento na fase de testes.
A empresa ainda não tem dados sobre o uso em nível nacional, já que a expansão é recente."É uma tecnologia que não vai substituir as outras medidas, é complementar", diz Mairet. "Estudos mostram que a probabilidade de presença do vírus em embalagens é muito baixa, mas tudo que pode trazer um conforto maior para o cliente em relação a sua segurança, estamos adotando."
Com a nova cabine, a rede francesa também garantiu um vídeo viral nas redes sociais.
No Grupo Big, as cabines foram adotadas em projeto piloto em junho, nas lojas da bandeira Big no Pacaembu, Tamboré e Washington Luiz, em São Paulo. Em julho, a novidade chegou ao Big Bompreço Iguatemi, em Salvador, e a expectativa é atingir 50 das 401 unidades da empresa até o fim de setembro.
A cabine comporta um carrinho por vez, com até 50 itens, e o processo de desinfecção leva 90 segundos.
O Shopping SP Market instalou sua cabine em junho, num investimento de R$ 20 mil. Segundo Sylvio Carvalho, diretor da empresa, por volta de 40 a 50 pessoas usam o equipamento por dia.
"O uso ainda é baixo por questão de desconhecimento", conta Carvalho. "Mas está tendo bastante uso pelos lojistas, que desinfetam produtos que tenham sido tocados ou usados por clientes."
Segundo o executivo, o investimento na máquina é pequeno, no montante de cerca de R$ 1 milhão destinado pelo shopping às medidas de adequação à pandemia.
Roberto Vinhaes, professor do departamento do Física da UFC (Universidade Federal do Ceará), faz coro com as varejistas de que o consumidor não deve confiar 100% na desinfecção prometida pelas cabines de luz ultravioleta e precisa manter rotinas tradicionais de higiene dos produtos.
O físico explica que a radiação ultravioleta é um tipo de onda eletromagnética de alta frequência e onda curta, usada com função germicida nos equipamentos hoje no varejo.
"Ela tem poder de penetrar na cápsula proteica dos vírus, modificando ou destruindo seu material genético", diz o professor, citando estudo que atestou a eficiência da UVC em eliminar até 99,9% da família do SARS-CoV –a mesma do coronavírus– numa exposição de 25 minutos.
O especialista alerta, porém, que a ação da radiação está restrita às superfícies. "No carrinho de supermercado, o alimento que está longe da superfície externa vai continuar contaminado", diz Vinhaes.Na indústria, as cabines viraram uma esperança para recuperação de receita. A fabricante paranaense de máquinas e equipamentos Silbra, por exemplo, desenvolveu uma cabine de acesso para ambientes corporativos, que pode atender a um fluxo de 300 pessoas por hora, desinfectadas com uma névoa de hidroxila, substância obtida a partir da ionização da água.
A empresa vendeu oito equipamentos, mas o proprietário Marcos Pereira diz que já tem consultas para outras 2.000. "As cabines podem vir a representar 90% da nossa receita, porque a demanda por máquinas industriais caiu muito", diz Pereira.