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Juíza do trabalho diz que trainee para negros é inadmissível

"Discriminação na contratação em razão da cor da pele: inadmissível", escreveu ela na rede social

Juíza do trabalho diz que trainee para negros é inadmissível
Notícias ao Minuto Brasil

17:57 - 19/09/20 por Folhapress

Economia Magazine Luiza

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A juíza do Trabalho Ana Luiza Fischer Teixeira de Souza Mendonça afirmou em seu perfil no Twitter que o programa de trainee 2021 do Magazine Luiza, que aceitará apenas candidatos negros, é inadmissível.


"Discriminação na contratação em razão da cor da pele: inadmissível", escreveu ela na rede social. "Na minha Constituição, isso ainda é proibido", afirmou a juíza ao responder um comentário feito na publicação.


Publicado na manhã deste sábado (19), o tuíte já acumulava cerca de 500 curtidas por volta das 15h.


Alguns perfis criticaram a postura da magistrada.

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"Puxa vida, que absurdo haver ações afirmativas num país genuinamente racista, cujos passado e presente são de genocídio do negro brasileiro, que ganha menos e morre mais. É realmente inadmissível, todos somos iguais. Tenho até amigos pretos empregados, não precisa disso", escreveu o perfil @NatanCafe.


"Vamos voltar no tempo, escravizar sua raça sistematicamente por gerações, depois pregar sobre a inferioridade da cor da sua pele séculos, para finalmente te inserir num local subalterno de guetos e subempregos. Aí você pode comentar isso sem parecer uma patricinha alienada", escreveu @Rvfk5.


Outros, no entanto, concordaram com ela. "O problema é o precedente que se abre. Existem maneiras de combater a desigualdade racial e discriminação, sem precisar abrir um precedente de... Segregação", afirmou @SamLimaContador.


"A senhora está certíssima. Não compro mais na @magazineluiza e na @Ambev por elas estarem executando práticas discriminatórias de seleção", escreveu @EUGNIODANTAS3.


Em seu perfil, Ana Luiza afirma que é "aquela que gosta do art. 5º". Esse artigo da Constituição afirma que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade".


Na sexta-feira (18), o Magazine Luiza anunciou a abertura das inscrições para o programa que seria voltado apenas para negros.


"O objetivo do Magalu com o programa é trazer mais diversidade racial para os cargos de liderança da companhia, recrutando universitários e recém-formados de todo Brasil, no início da vida profissional", informou a empresa, em comunicado.


Atualmente, o Magazine Luiza tem em seu quadro de funcionários 53% de pretos e pardos. Mas apenas 16% deles ocupam cargos de liderança.


Segundo a empresa, o programa de trainees lançado nesta sexta-feira é o primeiro exclusivo para negros do Brasil. Ele foi desenvolvido em parceria com as consultorias Indique Uma Preta e Goldenberg, Instituto Identidades do Brasil, Faculdade Zumbi dos Palmares e Comitê de Igualdade Racial do Mulheres do Brasil.


Conforme reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo nesta semana, um homem branco chega a ganhar em média quase 160% a mais do que uma mulher negra, mesmo quando ambos são formados em universidades públicas ou dentro de uma mesma profissão.


Segundo pesquisadores do Insper, isso revela a discriminação contra negros e mulheres no acesso a empregos bem remunerados ou a posições de destaque dentro das empresas
A empresa disse que não comentaria o caso, mas afirmou que fez uma extensiva análise jurídica para o programa.


Procurada, a juíza não havia se pronunciado até a publicação desta reportagem.

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