Seguro não pode mudar 'de afogadilho', diz Mourão
O assunto foi tema de reunião na quinta-feira do órgão, mas a decisão foi adiada depois que a equipe econômica pediu um prazo de 15 dias para apresentar uma nova proposta
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Economia seguro-desemprego
O vice-presidente Hamilton Mourão disse ontem que é preciso avaliar primeiro "a capacidade fiscal" do País antes de aprovar uma prorrogação do seguro-desemprego para os trabalhadores demitidos durante a pandemia da covid-19. Para ele, uma medida de ampliação do benefício não pode ser feita "de afogadilho".
Como o Estadão/Broadcast mostrou, representantes dos trabalhadores no Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat, responsável por operar políticas como abono salarial e seguro-desemprego) querem prorrogar o pagamento do seguro por mais duas parcelas. O assunto foi tema de reunião na quinta-feira do órgão, mas a decisão foi adiada depois que a equipe econômica pediu um prazo de 15 dias para apresentar uma nova proposta.
"Tem de olhar essa nossa capacidade fiscal. Não pode ser coisa de afogadilho. Todos vocês sabem que nós vivemos uma crise fiscal séria. Não podemos aumentar a dívida de forma desmesurada, então tem de buscar qual é a melhor solução para que isso seja pago", disse Mourão.
O custo estimado para o pagamento de duas novas parcelas, segundo cálculos da equipe econômica, seria de R$ 16,7 bilhões. Comparado com agosto, a primeira quinzena de setembro registrou queda de 11,6% no número de pedidos do seguro-desemprego, segundo dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho.
Questionado sobre o assunto, Mourão disse que a economia "deu uma melhorada". Segundo ele, as medidas adotas pelo governo, como o pagamento do auxílio emergencial e o crédito para micro e pequenas empresas, "terminaram por surtir efeito, e a queda que se esperava na economia não foi tão grande assim".
"O Brasil foi um dos países que menos perdeu no segundo trimestre do ano, que foi o trimestre mais crítico", comentou Mourão.
A retirada do tema da pauta na quinta-feira evitou um racha dentro do Codefat em torno da proposta e uma disputa mais acirrada por votos. O conselho tem 18 integrantes indicados por trabalhadores, empresas e governo. Cada categoria tem seis assentos no órgão.
A bancada dos empregadores era considerada o fiel da balança na votação. Na reunião anterior do Codefat, representantes dos setores de agricultura e turismo sinalizaram apoio à prorrogação do seguro-desemprego, enquanto a indústria foi contra, segundo apurou o Estadão/Broadcast.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.