Congressistas de 35 países subscrevem campanha global
É esse o mote da campanha global "Faça a Amazon Pagar" (Make Amazon Pay, no original, em inglês), lançada na última Black Friday, espécie de carnaval das compras, a partir da ideia de que é chegada a hora de a Amazon acertar essas contas
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Economia Amazon
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Amazon, gigante global de comércio digital e uma das empresas mais lucrativas do mundo durante a pandemia, estaria se esquivando ou sendo dispensada de suas responsabilidades para com trabalhadores, a sociedade e o meio ambiente.
É esse o mote da campanha global "Faça a Amazon Pagar" (Make Amazon Pay, no original, em inglês), lançada na última Black Friday, espécie de carnaval das compras, a partir da ideia de que é chegada a hora de a Amazon acertar essas contas.
Entre os signatários estão a finlandesa Heidi Hautala, vice-presidente do Parlamento Europeu, as congressistas dos EUA Rashida Tlaib e Ilhan Omar, somali-americana que é alvo de ataques do presidente Donald Trump, e o trabalhista britânico Jeremy Corbyn.
Na semana passada, a causa foi subscrita por 401 parlamentares de 34 países, sendo 11 deles do Brasil, entre eles Marcelo Freixo, Luiza Erundina e Áurea Carolina, do PSOL, e Natália Bonavides e Nito Tatto, do PT.
A campanha foi apoiada por 50 organizações, como Greenpeace, Oxfam e Rede de Justiça Fiscal. Elas se reuniram a partir de uma convocação conjunta da UNI Global Union, uma entidade sindical global com sede na Suíça, e da Internacional Progressista, movimento criado por intelectuais como o linguista americano Noam Chomsky, a escritora e ativista canadense Naomi Klein e o economista grego Yanis Varoufakis para articular pautas de solidariedade, igualdade e sustentabilidade.
Em carta a Jeff Bezos, o presidente da Amazon e homem mais rico do mundo, os congressistas falam que "os dias de impunidade da Amazon estão contados". E pedem à empresa que reveja suas políticas e prioridades em relação aos trabalhadores, suas comunidades e o planeta, comprometendo-se publicamente a apoiar o movimento.
O documento descreve que, por conta da pandemia e da intensificação das compras online, o patrimônio pessoal de Bezos cresceu cerca de US$ 13 milhões (R$ 66 milhões) por hora em 2020, enquanto seus "empregados mantinham condições de trabalho perigosas, com pouco ou nenhum incremento salarial, e enfrentando retaliações por esforços de organização dos colegas e de defesa de interesses dos funcionários".
A carta afirma que as emissões de carbono da empresa são maiores que a de vários países do mundo, que as práticas monopolistas da gigante global prejudicam os negócios locais e que os serviços de internet da empresa usam dados dos usuários de maneira desrespeitosa.
Procurada pela reportagem, a Amazon declarou, em nota, que "as questões levantadas nesta carta resultam de uma série de afirmações enganosas de grupos mal informados". Segundo a empresa, a Amazon apoia funcionários, clientes e comunidades e promove "condições de trabalho seguras, salários competitivos e grandes benefícios", além de pagar bilhões de dólares de impostos globalmente.
Há duas semanas, Bezos anunciou a criação de um fundo para pesquisas sobre mudanças climáticas no valor de US$ 10 bilhões (mais de R$ 50 bilhões).
Há pelo menos dois anos a Black Friday é marcada por protestos e greves de trabalhadores da Amazon em várias partes do mundo. Eles informam o que avaliam como condições de trabalho extenuantes e mal-remuneradas, com expectativas irreais de produtividade.
Em 2018, jornalista britânico James Bloodworth lançou o livro "Hired: Six Months Undercover in Low-Wage Britain" (Atlantic Books), em que conta como foi trabalhar num depósito da Amazon em que os funcionários, segundo ele, são submetidos a regime disciplinar que remete ao sistema prisional e onde as faltas por doença são descontadas.