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Economia vê fala de Pacheco como 'retórica'

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Pacheco disse que o teto de gastos não pode ser algo "intocado" e que deveria ser revisto para abrir caminho a políticas tidas por ele como necessárias, como uma nova rodada do auxílio emergencial ou um incremento no programa Bolsa Família

Economia vê fala de Pacheco como 'retórica'
Notícias ao Minuto Brasil

12:45 - 23/01/21 por Estadao Conteudo

Economia teto de gastos

Apesar do pânico entre investidores e no mercado financeiro com o aceno feito por Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato ao comando do Senado, a uma possível revisão do teto de gastos (mecanismo que limita o avanço das despesas à inflação), a equipe econômica encarou as declarações do parlamentar como "retórica política" em meio à disputa pela cadeira hoje ocupada por Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Pacheco disse que o teto de gastos não pode ser algo "intocado" e que deveria ser revisto para abrir caminho a políticas tidas por ele como necessárias, como uma nova rodada do auxílio emergencial ou um incremento no programa Bolsa Família.

As declarações repercutiram imediatamente no mercado, porque o democrata, que é o candidato apoiado pelo Palácio do Planalto na corrida pelo comando do Senado, adotou um discurso oposto à agenda defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Além disso, Pacheco detém hoje o maior número de apoios dentro da Casa, contra a candidatura de Simone Tebet (MDB-MS).

Mesmo com a repercussão no mercado, o tom é de contemporização na equipe econômica. A avaliação é que é difícil saber o que é discurso político, devido à proximidade da disputa pela presidência do Senado, e o que é convicção própria de Pacheco. O democrata reúne em torno de sua candidatura um arco bastante diverso de siglas, que vai do PSC, tido como uma legenda conservadora, até o PT, opositor ao governo Bolsonaro e que é contra a manutenção do teto de gastos.

A pouco menos de duas semanas da eleição para a mesa do Senado, Pacheco, na avaliação da área econômica, pode ter usado da "retórica" para evitar desgaste junto a seus apoiadores num momento delicado da disputa. Por isso, a declaração foi vista com cautela dentro do Ministério da Economia, já que nada disso significa uma mudança de rota imediata na condução das negociações com o Congresso pelas medidas de ajuste.

No mercado financeiro, a entrevista do candidato à presidência do Senado reforçou o sinal amarelo que já está aceso devido à combinação de atraso na vacinação contra covid-19, pressão por prorrogação do auxílio emergencial e inflação mais elevada.

A definição no comando do Congresso é considerada essencial para destravar a pauta econômica. A mais urgente é o Orçamento de 2021, mas uma série de reformas também aguarda na fila. O foco da área econômica também se divide com o cronograma da vacinação, já que a imunização da população é importante para a retomada da atividade econômica em definitivo.

Nos últimos dias, a equipe econômica monitorou com preocupação os atrasos no envio de vacinas e insumos para a fabricação de imunizantes. A demora na vacinação pode comprometer a retomada e ampliar ainda mais a pressão por novas ajudas do governo.

Tebet quer nova metodologia para o teto de gastos

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), candidata à presidência do Senado, prepara o lançamento de uma plataforma de campanha na próxima semana em que vai defender discutir uma nova metodologia para o teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas do governo federal à inflação do ano anterior. A emedebista é defensora do teto de gastos. A discussão na campanha, porém, ocorre com a avaliação de que uma nova metodologia pode ser necessária para transformar a regra em uma âncora fiscal mais eficaz para o governo federal. O tema deveria ser discutido por Simone Tebet em uma reunião na noite de ontem com economistas.

A reunião com integrantes do mercado foi articulada pela economista Elena Landau. Nomes como Armínio Fraga, Persio Arida, Edmar Bacha, Ana Carla Abraão, Ana Paula Vescovi , Mansueto Almeida, Mário Mesquita e outros foram convidados, de acordo com a assessoria de Tebet.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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