Bancos indicam piora para crédito, veem riscos para economia e cobram vacinação
Presidente da Federação Brasileira de Bancos fez um balanço da economia no Brasil hoje
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Economia bancos
Uma semana depois de o governo anunciar de maneira repentina um aumento temporário de tributo para os bancos, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, indicou na manhã desta terça-feira que o cenário para o crédito está pior do que o se esperava no início do ano e disse que 2021 será "duríssimo" se não houver uma aceleração do ritmo de vacinação, com risco de um novo retrocesso da atividade econômica no próximo trimestre.
Na avaliação de Sidney, o quadro "mudou rapidamente" ao longo das últimas semanas. "O ritmo da atividade econômica perdeu tração nesse primeiro trimestre, por conta do recrudescimento da pandemia, do atraso na vacinação e infelizmente por uma nova rodada de incertezas sobre a capacidade do país de preservar ou não o equilíbrio fiscal", afirmou o executivo, em discurso durante abertura de evento da Febraban.
Ele, que lembrou que os bancos contavam um ambiente mais favorável na virada do ano, com expectativa de juros e inadimplência estáveis e expansão dos empréstimos em um clima de retomada econômica, disse que a realidade vem se impondo de forma crua e cruel, mesmo com início da vacinação. "Certo é que não haverá maior recuperação da atividade econômica, e sim retrocesso, se não quebrarmos a coluna vertebral da pandemia. A vacina e a economia não poderão se separar. São indissociáveis: a saúde depende fundamentalmente da economia bem como a economia depende de uma sociedade saudável", disse.
O presidente da Febraban fez ainda um apelo para que Estado e sociedade, juntos, se mobilizem para que a vacinação seja mais rápida e evite mais um ano trágico. "E nós temos condições de fazer isso. Basta que não nos deixemos ficar indiferentes e muito menos inertes", afirmou.
Sidney, que ressaltou que há recursos disponíveis no exterior para investir no Brasil, também cobrou progressos na agenda de reformas, em meio a um esforço para garantir mais previsibilidade aos investidores, nas esferas política, jurídica, econômica e sanitária. "Como ainda teremos, por longo período, fortes restrições fiscais em razão do tamanho do nosso endividamento público, o país não pode prescindir desses recursos. Há farto capital lá fora ávido e à procura de retorno (e nós temos isso a oferecer), mas temos de aproveitar a oportunidade", disse.
Ao falar da agenda, o presidente da Febraban mostrou expectativa de aprovação da PEC Emergencial na Câmara, após passar pelo Senado. Segundo ele, o projeto ameniza o risco do pior e traz novas esperanças no campo fiscal. "Mas, a depender da evolução da pandemia e do ritmo da vacinação, podemos comprometer também o segundo trimestre com novo recuo da atividade econômica", alertou.
Ele cobrou prioridade para as reformas administrativa e tributária e disse que o teto de gastos é "inegociável". "Essa é a hora de mais sacrifício, mais responsabilidade, do setor público, do setor privado e da sociedade. Se não avançarmos mais casas nessas reformas e na vacinação, se não aproveitarmos agora o ambiente externo, vamos jogar fora um ano que tinha tudo - e ainda tem - para ser de crescimento forte", disse.